Coronavírus no esgoto: vírus foi encontrado em outros países antes da China

Publicado em 14 jul 2020, às 08h45. Atualizado às 08h51.

Ao todo, pesquisadores de quatro países – incluindo o Brasil, descobriram a presença do coronavírus no esgoto antes mesmo do primeiro caso vir a público em Wuhan, na China.

De acordo com os cientistas, essa descoberta muda alguns pontos de desenvolvimento e conhecimento sobre a doença, como por exemplo:

  • detecções no esgoto podem servir como ferramenta de vigilância do avanço do coronavírus
  • esgoto pode ser um local de contágio
  • o vírus pode ter começado a circular bem antes do esperado

Coronavírus no esgoto abriu portas para outras descobertas

Conforme a BBC, que divulgou a informação sobre a nova descoberta, um estudo da Universidade de Barcelona chama ainda mais atenção.

Pesquisadores detectaram a presença do novo coronavírus em amostras congeladas – coletadas na Espanha, em 15 de janeiro de 2020 (41 dias antes do primeiro caso no país), e de 12 de março de 2019 (nove meses antes do primeiro caso reportado na China).

Entretanto, após tantas descobertas, como o coronavírus no esgoto em outros países antes da China pode não ter causado uma explosão de casos ainda maior?

Foto: ilustrativa

De acordo com a BBC, especialistas citaram ao menos cinco teorias em relação a isso:

  • Pacientes receberam diagnósticos errados de doenças respiratórias
  • Vírus não se espalhou com a força para originar um surto
  • Contaminação da amostra
  • Resultado falso positivo por conta da similaridade genética com outros vírus
  • Vírus à espera de ativação

Em entrevista ao The Telegraph, Tom Jefferson, epidemiologista ligado ao Centro de Medicina Baseada em Evidências da Universidade de Oxford, explicou que há evidências que mostram que a Sars-CoV-2 estava espalhada pelo mundo antes mesmo de chegar na Ásia.

“Talvez estejamos vendo um vírus dormente que foi ativado por condições ambientais”.

Apesar de tantas teorias, nenhuma conclusão sobre as novas descobertas podem ser concluídas com exatidão, pois os resultados precisam passar por avaliações cautelosas.

De acordo com Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, é preciso calma na avaliação.

“A própria característica do Sars-CoV-2 de induzir casos de bastante gravidade e letalidade relativamente alta na população torna improvável que este vírus circule em uma região sem evidência de casos clínicos”.

Coronavírus no esgoto no Brasil

Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), uma equipe liderada por pesquisadores analisou seis amostras de 200 ml de esgoto coletado em Florianópolis de 30 de outubro de 2019 a 4 de março de 2020.

No artigo, que ainda precisa de revisão, os pesquisadores detectaram a presença do coronavírus no esgoto a partir do dia 27 de novembro.

De acordo com os responsáveis pela pesquisa, o coronavírus foi identificado no esgoto a partir do teste RT-PCR, que é capaz de detectar a presença do Sars-CoV-2 a partir de 24 horas após a contaminação.

“Isso demonstra que o Sars-CoV-2 circulava na comunidade meses antes de o primeiro caso ser reportado” no continente americano, escrevem os autores do artigo.

Conforme Gislaine Fongaro, bióloga e líder da pesquisa, os primeiros resultados despertaram ceticismo na equipe. Portanto, eles acionaram outros departamentos a fim de repetirem todos os testes com diversos marcadores virais.

Por fim, Gislaine afirma que apenas estudos futuros vão poder explicar como o coronavírus foi parar em diversos esgotos ao redor do mundo meses antes de registrar – de fato – seus primeiros casos.

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