Coronavírus: pessoas com asma podem ter complicações se infectadas
Diante da pandemia do coronavírus COVID-19, todo o cuidado é pouco – principalmente quando se trata de pessoas com problemas respiratórios. De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), pacientes com asma não são mais propensos a adquirir a infecção por coronavírus, porém são mais propensos a desenvolver complicações se infectados pelo vírus.
Além da asma, outros problemas de saúde devem ser controlados, como diabetes, hipertensão arterial e imunodeficiências primárias para reduzir o risco de infecção grave. Por isso, em caso de infecção pelo coronavírus, é importante não interromper o tratamento da asma. Em caso de dúvida, o paciente deverá pedir auxílio e orientações ao seu médico assistente.
Como deve ser o tratamento da asma em casos de coronavírus
Para estar preparado para o coronavírus, o paciente de asma deve estar atento às recomendações médicas em caso de suspeita ou confirmação do vírus. Por isso, a ASBAI faz recomendações sobre como deve ser o tratamento da asma.
Uso de corticosteroides inalatórios na asma
- Recomendação de manter o uso.
O tratamento da asma está baseado em corticosteroides inalatórios para controle da inflamação broncopulmonar, redução de sintomas e exacerbações. Assim, essas medicações não devem ser abandonadas, nem tampouco retiradas do tratamento do paciente com asma. Por isso, o uso regular e correto de medicações inalatórias deve ser preconizado independente da circulação do coronavírus.
As exacerbações são as principais causas de morte em pacientes com asma. A associação entre doenças virais respiratórias e exacerbação da asma é bem conhecida e um número relevante de agentes virais já foi identificado. Muitos destes grupos virais aumentam a inflamação brônquica e alérgica causando danos às estruturas respiratórias, epitélio e endotélio.
Uso de corticosteroides orais na exacerbação da asma
- Recomendação manter o uso na menor dose necessária prescrita pelo médico assistente.
Durante as exacerbações, o uso de corticosteroide oral em doses preconizadas deverá ser utilizado com parcimônia e sob orientação médica. A ausência de controle da inflamação na asma pode promover exacerbações graves e morte por asfixia em um subgrupo de pacientes.
O corticosteroide sistêmico tem sido utilizado em pneumonias graves por coronavírus com resultados conflitantes. Em estudos observacionais o uso de corticosteroide em doses baixas ou moderadas tem beneficiado pacientes com lesão pulmonar aguda e reduzido a inflamação causada pela infecção viral. Entretanto, não existem evidências de que o uso de corticosteroide oral reduza a mortalidade por pneumonia ou choque séptico causado pelo coronavírus.
Espirometria e infecção respiratória
- Realizar o exame apenas se for essencial para diagnóstico ou condução do paciente.
O emprego de espirometria como teste de função pulmonar poderá ser limitado aos pacientes com asma em que seja essencial a avaliação da função pulmonar. Na presença de sintomas respiratórios gripais ou exacerbações deverá ser postergada até a melhora do paciente.
Os espirômetros portam filtros que devem ser trocados para cada paciente após a realização do exame. Estudo recente observou correlação entre as viroses respiratórias (altas e baixas) de pacientes submetidos à espirometria e as culturas do filtro do espirômetro, indicando ser este um possível meio de contaminação.
Nebulizadores
- Uso com restrição.
Reservatórios de nebulizadores são potenciais fontes de contaminação. Estudos de culturas de microorganismos em máscara e copos de nebulizadores utilizados em pacientes com fibrose cística mostraram proporção significativa de nebulizadores contaminados (71%) por microrganismos potencialmente patogênicos. Pacientes com asma deverão utilizar seus dispositivos inalatórios, em aerossol dosimetrado ou inalador de pó, de forma individual, sem compartilhamento. Por isso, quando possível, o uso de nebulizadores em serviços de urgência deve ser evitado.
Imunobiológicos
- Pacientes em uso devem manter o tratamento. A interrupção do tratamento deve ser avaliada individualmente.
Não existem evidências ou ensaios clínicos que avaliem o efeito imunossupressor ou potencializador de respostas antivirais com os agentes imunobiológicos utilizados para tratamento adjuvante da asma. Não foram identificados estudos específicos sobre o coronavírus. Assim, pacientes em uso de biológicos apresentam asma grave e devem ser monitorados cuidadosamente, além de tomar todas as medidas de contágio.
Sobre o ASBAI
A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia existe desde 1972. É uma associação sem finalidade lucrativa, de caráter científico, cuja missão é promover a educação médica continuada e a difusão de conhecimentos na área de Alergia e Imunologia, fortalecer o exercício profissional com excelência da especialidade de Alergia e Imunologia nas esferas pública e privada e divulgar para a sociedade a importância da prevenção e tratamento de doenças alérgicas e imunodeficiências. Atualmente, a ASBAI tem representações regionais em 21 estados brasileiros.