Curitiba volta a fechar bares, academias, igrejas e reduz funcionamento de outros setores
Com 59 novos casos confirmados e 4 mortes, Curitiba passou, neste sábado (13), para a bandeira laranja de gravidade do novo coronavírus. Com isso, vários serviços que estavam funcionando vão, novamente, ter que parar. Em outros casos, os horários de funcionamento vão ser ainda mais reduzidos.
Com os números deste sábado, a capital paranaense chegou aos 1777 casos confirmados e 78 mortes. “A curva de Curitiba continua subindo, isso nos deixa muito tristes”, disse a infectologista Marion Burger, destacando que Curitiba tem, também, 311 mortes suspeitas que ainda são investigadas.
Por causa dos recentes registros de aglomerações e desrespeito às orientações de distanciamento e isolamento social, a prefeitura de Curitiba resolveu tomar uma atitude de prevenção. “A semana toda a gente vem anunciando o crescimento de quadros. Muito nos preocupou toda a movimentação da sociedade curitibana”, disse Márcia Huçulak, secretaria de saúde.
“O vírus não vai passar como um milagre, temos que aprender a conviver com o vírus e isso significa adotar as medidas de precaução“.
Márcia Huçulak, secretaria de saúde.
Segundo Márcia, foi pedido inúmeras vezes para que as pessoas ficassem em casa o máximo possível, evitassem aglomerações, usassem máscaras, mas isso não foi suficiente. “Me mandaram foto da Rua XV com um monte de gente andando reunida sem máscara, como se nada estivesse acontecendo. A situação se agravou, nós passamos do dia 28 de maio pra cá com crescimento acima do esperado“.
“Nessa semana triplicou o número de casos, isso dá uma situação muito acima do que é tolerável para nós. Precisamos evitar mortes, não é só a disponibilidade de leitos de UTI, pois nós temos leitos, mas não é uma situação que seja aceitável anunciar mortos. As medidas de isolamento, distanciamento, são efetivas, mas houve relaxamento da sociedade de modo geral em todos os setores”.
Márcia Huçulak, secretária de saúde.
Decreto estabelece novo funcionamento de atividades não-essenciais em Curitiba
Em razão do desrespeito às orientações, a prefeitura passou o painel de bandeiras para laranja, o que significa risco médio caminhando para uma situação grave. “Não podemos nos omitir. Não vamos ficar assistindo desta forma essa situação crescer absurdamente e desordenadamente. Por isso, acaba de ser publicado no Diário Oficial o decreto 774 de 2020, que está em vigor”.
O novo decreto suspende e ordena o fechamento, a partir da meia-noite de segunda-feira (15), destes setores:
- Atividades das academias e todas as práticas esportivas;
- Igrejas e templos religiosos;
- Praças e parques públicos;
- Todas as atividades de entretenimento, com ou sem música, tais como teatros, festas em geral e atividades correlatas;
- Bares e clubes sociais.
Além disso, o mesmo decreto também ordena a restrição de funcionamento de vários outros setores. Veja como vai funcionar a partir do dia 15 de junho:
- Comércio varejista de rua, das 10 às 16h de segunda a sexta;
- Shoppings das 12 às 20h, somente de segunda a sexta-feira. Atividades de alimentação dos shoppings só vão poder funcionar das 12 às 15h e após esse horário só em delivery;
- Galerias e centros comerciais, das 10 às 16h, de segunda a sexta. Também os serviços de alimentação nestes espaços poderão funcionar das 11 às 15h, sendo que após o horário só em delivery;
- Restaurantes e lanchonetes das 11 às 15h e após esse horário somente drive ou delivery.
Escritórios e empresas poderão funcionar apenas 6h por dia, exceto atividades de home office. Lojas de materiais de construção podem funcionar das 10 às 16h, de segunda a sexta, e aos finais de semana, das 9 às 13h.
Hotéis e pousadas podem continuar operando, mas apenas com até 50% da capacidade. Da mesma forma, com 50% da capacidade, devem funcionar os serviços de call center e telemarketing.
A modalidade drive-in, que se tornou moda na cidade, deve funcionar apenas por 3h ou uma sessão de exibição por dia. O decreto estabelece ainda que deverão ser consideras, pelos operadores, a suspensão das seguintes atividades:
- Cabeleireiros, manicure, pedicure e outros serviços de cuidados com a beleza;
- Atividade de higiene de animais domésticos;
- Serviços de alimentação de ambulantes;
- Serviços imobiliários;
- Feiras de Artesanatos;
- Outras atividades não relacionadas nos artigos acima mencionados e não consideradas como essenciais conforme o Decreto 470/20.
Segundo a secretária, as autoridades vão ficar de olho. “Vamos estar com todas as equipes de fiscalização a postos para fazer com que respeitem o decreto. O retorno das atividades vai depender de termos uma melhora da situação, antes disso, não retornará”.
Prefeitura pede que as pessoas respeitem as restrições para evitar o coronavírus
A secretária Márcia Huçulak pediu que as pessoas colaborem. “Reforçamos insistentemente todas as medidas de isolamento social para os grupos vulneráveis, a possibilidade de contaminação está entre nós, entre todos. Pedimos apoio da sociedade, não queremos ir para a bandeira vermelha, por isso estamos tomando medidas porque precisamos da corresponsabilidade de todos nos apoiando e entendendo o momento”.
Segundo Márcia, os serviços que não foram citados poderão permanecer funcionando. “Mas respeitando a resolução em vigência, seguindo as medidas. Poderemos tomar outras medidas, mas pedimos a colaboração de todos neste momento crítico de Curitiba.
“Não podemos continuar a assistir o crescimento, que vem de uma forma muito rápida e triplicando o número de casos, sem tomar medidas de restrição, já que as pessoas infelizmente não entenderam a gravidade do momento. Houve relaxamento”.
Márcia Huçulak, secretária de saúde.
A secretaria reforçou que não é momento de pensar em sair de casa sem necessidade. “Não é momento de fazer churrasco, festas de aniversário, reuniões de condomínio. As pessoas banalizaram este momento, nós estamos no meio de uma pandemia. Enquanto a situação não estiver sob-controle, nós vamos atuar e agir em proteção da saúde de todos os curitibanos”.
“Fiquem em casa. Evitem contato com pessoas que não sejam do seu núcleo familiar. Não é momento de visita, de confraternização, de comemorações. Nos ajudem”.
Márcia Huçulak, secretária de saúde.
Conforme a infectologista, todas as medidas tomadas hoje, reflem de 7 a 14 dias depois. “As medidas devem ser tomadas o quanto antes, para evitar que daqui a 2, 3 semanas tenhamos colapso do sistema de saúde”, disse Marion.
“Não só pelas vítimas do coronavírus, mas também de outras doenças, que continuam acontecendo e que devem ter também leitos hospitalares disponíveis para atendimento. Evitando as situações que podem ser prevenidas, estamos evitando hospitalizações de óbitos e outras doenças”.
Marion Burger, infectologista.