Em projeto inovador, Samu de Maringá vai realizar transfusão de sangue no local da ocorrência

por Valéria Silva
com supervisão de Renan Vallim
Publicado em 18 out 2022, às 10h39.

Nesta segunda-feira (17), houve o lançamento do projeto inovador que garante que a Unidade Aérea do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Maringá está apta a realizar transfusão de sangue para vítimas de hemorragia no local da ocorrência, independentemente do lugar em que o paciente esteja. A iniciativa, fruto da parceria do Samu com a Prefeitura de Maringá, Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Consórcio Público Intermunicipal de Gestão da Amusep (Proamusep) e o Hemocentro Regional, é pioneira no Brasil no atendimento aéreo com protocolos europeus de segurança.

Nos últimos seis meses, mais de 50% das vítimas atendidas sofreram acidentes graves e poderiam ser enquadradas no protocolo de transfusão de sangue no local da ocorrência. O coordenador do Samu Norte Novo, Maurício Caetano, explicou que o novo serviço é um fator decisivo para a sobrevivência do paciente. “Antes, era necessário levar esse paciente até o hospital, o que poderia durar até 60 minutos. Agora conseguimos atender ele ali no local mesmo, dentro das ferragens de um acidente, se for o caso.”

Para o coordenador médico das operações áreas do Samu, Maurício Lemos, os estudos mostram que a transfusão rápida de sangue nos casos de hemorragia representa menos tempo de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), maior sobrevida dos pacientes e menor possibilidade de sequelas. O Samu de Maringá é o primeiro do Brasil a adotar o padrão europeu, com transfusão de concentrado de hemácias de sangue tipo O negativo, que representa mais segurança ao procedimento, no serviço aéreo.  

Maurício Caetano reforçou a importância da doação de sangue, principalmente ‘O negativo’, para a realização do serviço. Ele também destacou a importância das parcerias com a Prefeitura, Secretaria de Estado da Saúde e o Proamusep para que a iniciativa pudesse ser colocada em prática. O novo serviço faz parte do esforço de quase três anos das equipes do Samu para preparar a base do serviço de operações aéreas dentro dos protocolos internacionais para recebimento das bolsas de sangue e transporte na aeronave. 

Armazenamento e estrutura

Na base aérea do Samu no Aeroporto Regional de Maringá, foi montada a sala de hemocomponentes, onde a bolsa de sangue fica armazenada. O processo conta com uma caixa especial para transporte do sangue, capaz de manter o sangue em temperatura adequada que varia de 2°C a 6°C. Conforme os padrões de rastreabilidade, a bolsa de sangue e a aeronave são monitoradas por sistema de controle via aplicativo, GPS e todos os pacientes são transportados para a mesma unidade hospitalar, o Hospital Universitário da Universidade Estadual de Maringá (UEM). 

Para manter os protocolos de refrigeração, as bolsas que não forem utilizadas serão devolvidas ao Hemocentro Regional de Maringá sempre às quartas-feiras. O material não será descartado, já que os hemocomponentes seguem dentro do prazo de validade e poderão ser utilizados em outros pacientes.