Especialista afirma que mpox não deve virar nova pandemia

Vírus da doença tem menor capacidade de se disseminar do que os vírus respiratórios como os da Covid-19 ou gripe aviária

Publicado em 16 ago 2024, às 15h15.
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Depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o novo surto da mpox como uma emergência de saúde pública, especialmente no continente africano, cresceu o temor do surgimento de uma nova pandemia, semelhante à da Covid-19. No entanto, esse medo é injustificado, segundo o biólogo e doutorando em ciências farmacêuticas Alessandro Castanha da Silva. Segundo o especialista, isso se deve a “menor eficiência” do vírus mpox na transmissão da doença.

Depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o novo surto da mpox como uma emergência de saúde pública, especialmente no continente africano, cresceu o temor do surgimento de uma nova pandemia, semelhante à da Covid-19. No entanto, esse medo é injustificado, segundo o biólogo e doutorando em ciências farmacêuticas Alessandro Castanha da Silva. Segundo o especialista, isso se deve a "menor eficiência" do vírus mpox na transmissão da doença.
Vacinas podem ser utilizadas para combater a doença, especialmente em grupos de risco (Foto: Ari Dias/AEN)

“A declaração de alerta da Organização Mundial da Saúde sobre a mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, indica que há uma preocupação global com a disseminação do vírus. No entanto, o risco de se tornar uma pandemia como a Covid-19 é relativamente baixo. A transmissão do vírus mpox não é tão eficiente quanto a de vírus respiratórios como o SARS-CoV-2. Embora existam surtos localizados, o controle rigoroso, isolamento de casos e vacinação podem conter a propagação”, afirma Silva, que é professor da Escola Superior de Saúde Única do Centro Universitário Internacional Uninter.

Surto da doença pode atingir o Brasil

Apesar do baixo risco de se tornar uma pandemia, o mpox pode se disseminar para além da África, inclusive no Brasil, mas com surtos isolados. A exemplo do que já ocorreu em 2022, quando mais de 10 mil casos de mpox foram registrados no país.

“A mpox pode sim se desenvolver no Brasil, e já foram relatados casos esporádicos no país. O risco de um surto existe, especialmente em áreas com alta densidade populacional e em situações onde as medidas de controle não são adequadas. No entanto, o Brasil tem um histórico de resposta eficaz a surtos de doenças infecciosas, o que pode mitigar o risco de uma ampla disseminação”, complementa o professor.

Ele destaca que alguns cuidados simples podem evitar a disseminação da doença. Como evitar contato próximo com pessoas infectadas ou animais que possam ser portadores do vírus, manter uma higiene rigorosa, com lavagem frequente das mãos e desinfecção de superfícies, e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) em ambientes de saúde.

Vacinação é indicada para grupos de risco e áreas de alta circulação do vírus da mpox

O especialista lembra que existem vacinas para a mpox, que inclusive foram disponibilizadas no Brasil quando houve o surto anterior da doença. Mas seu uso costuma ser restrito a determinados grupos ou regiões.

“Existem vacinas para a mpox. E as vacinas originalmente desenvolvidas para a varíola humana também oferecem proteção contra a mpox devido à similaridade entre os vírus. A vacina conhecida como Jynneos (MVA-BN) é uma das que pode ser usada para prevenir a doença. Ela é viável e pode ser uma alternativa importante para conter surtos, especialmente entre grupos de risco ou em áreas onde há maior circulação do vírus”, conclui.

Mpox pode causar morte nos casos mais graves

O biólogo lembra que a mpox é uma doença potencialmente perigosa, que pode levar à morte em casos mais graves. Entretanto, o índice de mortalidade da doença é bastante variável e depende de diversos fatores.

“A mpox pode levar à morte, embora as taxas de letalidade variem. As cepas do vírus na África Central são mais letais, com taxas de mortalidade de até 10%, enquanto as cepas da África Ocidental, que foram identificadas em surtos recentes fora da África, têm taxas de mortalidade mais baixas, geralmente entre 1% e 3%. A gravidade da doença depende de vários fatores, incluindo a cepa do vírus, a idade e a condição de saúde do paciente”, conclui.

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