Estudo da UEL revela que pessoas que não usam máscara tendem a ser sociopatas

Publicado em 11 nov 2020, às 11h43.

Um estudo com 1578 adultos realizado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), no norte do Paraná, revelou que pessoas que não usam máscara tendem a ser sociopatas, ou seja, possuem um distúrbio caracterizado por desprezo pelos outros.

Conforme a UEL, o estudo de perfil revelou a existência de dois grupos:

  • pessoas com maior tendência a traços antissociais
  • pessoas com mais tendência a empatia

O grupo padrão antissocial apresentou escores mais altos em todos os traços típicos de ASPD: insensibilidade, engano, hostilidade, impulsividade, irresponsabilidade, manipulatividade e assunção de riscos, além de escores mais baixos em ressonância afetada, um indicador de empatia.

No estudo, os 1578 participantes responderam perguntas como “você acredita ser necessário usar uma máscara/respeitar o distanciamento social/lavar as mãos mais frequentemente?, e de acordo com as respostas os indivíduos foram divididos nos dois grupos.

De acordo com Fabiano Koich Miguel, do Departamento de Psicologia e Psicanálise do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), o “grupo da empatia” respondeu ao questionário mostrando maior preocupação em usar máscara, higienizar sempre as mãos e adotar isolamento social para evitar contágio.

Já o “grupo antissocial” mostrou menor preocupação com essas medidas, minimizando sua importância ou minimizando a doença, ressaltou o professor.

Entenda como foi feita a pesquisa que revela que pessoas que não usam máscara tendem a ser sociopatas

O total de participantes do estudo foi de 1.578 adultos, sendo a maioria do sexo feminino (52,03%), da raça branca (48,86%), residentes na região sudeste do Brasil (48%) e com ensino médio completo (38,47%).

Além disso, apenas 32 participantes relataram ter feito o teste para covid-19, em que cinco tiveram resultado positivo. Ao todo, 285 participantes relataram conhecer alguém que restou positivo para o coronavírus.

“Nossos achados podem ser úteis para políticas públicas de saúde, por exemplo, por meio de triagens que demonstrem elevação dessas características, intervenções podem ser realizadas visando maior conscientização e consequente cumprimento das medidas de contenção. Sugerimos que novos estudos sejam realizados investigando a interação dessas características com outras variáveis”, diz o estudo.

Entre esse grupo de pessoas relutantes ao uso de máscaras, foi observado traços antissociais característicos de pessoas com diagnóstico de transtorno de personalidade antissocial, tais como:

  • Níveis mais baixos de empatia, que é a capacidade de perceber, compartilhar e inferir pensamentos e emoções de outras pessoas;
  • Níveis mais altos de insensibilidade;
  • Tendência para o engano e o autoengano;
  • Comportamentos de risco.

Além disso, o perfil antissocial demonstrava mais insensibilidade, hostilidade, impulsividade e manipulação.