Estudo estima quase 5 mil mortes por Covid-19 no Paraná até início de agosto
A projeção do avanço do novo coronavírus no Paraná feito pelo Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME), da Universidade de Washington (EUA), prevê 4.923 mortes causadas pela Covid-19 no estado até o dia 4 de agosto, com um intervalo possível entre 1.817 e 12.564 vítimas. O dado foi atualizado na última segunda-feira (15).
De acordo com o estudo, o Paraná pode registrar até 344 mortes por dia no início daquele mês. Até o momento, a quantidade de óbitos no estado supera os dados estimados pelos pesquisadores. Para quinta-feira (18), por exemplo, o IHME estimou 348 mortes provocadas pela doença – os registros oficiais apontam 406 mortes.
O IHME também estima a quantidade de leitos necessários para atender à demanda de pacientes infectados. Em meados de julho, segundo o estudo, serão necessárias entre 700 e 900 vagas de UTI adulto para o tratamento dos pacientes com Covid-19 internados no Paraná. Nesta quinta-feira (18), há 678 disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) no estado, segundo dados do boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Cenário epidemiológico
As projeções não devem, necessariamente, se concretizar. Um exemplo é o próprio Paraná. Na atualização do dia 13 de maio, a previsão inicial do IHME era de que o estado tivesse 245 mortos no dia 4 de agosto, número agora multiplicado por 20 vezes pela estimativa mais recente.
De acordo com o médico infectologista Bernardo Montesanti Machado de Almeida, da Unidade de Vigilância em Saúde do Hospital de Clinicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é preciso tomar muito cuidado com a interpretação das estimativas, que ele prefere ser referir como cenários.
“Os pressupostos utilizados para confecção dessas modelagens matemáticas são fixas, enquanto a epidemia tem um perfil dinâmico. Os cenários são construídos com uma série de variáveis de um momento, que podem mudar. Isso dificulta prever com exatidão”, diz.
O médico afirma ainda que as modelagens não se propõem propriamente prever o futuro, a acertar. E que elas se baseiam em diversas variáveis que mudam ao longo do tempo, como o índice de distanciamento social, o número de óbitos, casos confirmados e a taxa de transmissão. “As modelagens mostram o que aconteceria se nenhuma dessas variáveis mudasse. Se a população circular menos, provavelmente os cenários serão diferentes nas próximas atualizações. O mesmo acontece se nenhuma alteração for feita, existe a chance de o cenário piorar”, explica.
Segundo o infectologista, estudos como o da Universidade de Washington (EUA) e de outras instituições servem de instrumento para elaborar planos de ação mais eficientes de combate à pandemia.
Brasil
Segundo os pesquisadores do IHME, no início de agosto, o número diário de mortes no Brasil deve ser de 5,2 mil. O estudo, inclusive, aponta que o país deve se tornar o epicentro mundial da doença no dia 29 de julho. Não há uma estimativa de quando o país atingirá o pico da doença, mas o estudo calcula que morrerão 165,9 mil brasileiros em decorrência da Covid-19 até 4 de agosto.
Em vídeo divulgado na última atualização do estudo, no dia 15 de junho, o diretor do IHME, Christopher Murray, afirma que embora algumas medidas de isolamento social tenham sido adotadas em algumas regiões do Brasil, elas não foram suficientes para frear o contágio. “A chegada do inverno pode impulsionar infecções respiratórias sazonais e agravar o quadro na região”.
Murray espera que o modelo projetado não se concretize. “Esperamos que o nosso modelo esteja errado em função de medidas rápidas que governos e indivíduos possam adotar para reduzir a transmissão”, diz.
A projeção do instituto é um dos principais modelos matemáticos usados pela Casa Branca para definir suas estratégias de combate ao novo coronavírus nos Estados Unidos.
Além do Brasil e dos Estados Unidos, o IHME faz projeções da Covid-19 em mais de 30 países.