Fim do auxílio emergencial fará com que comércio deixe de faturar R$ 50 bilhões

por Carol Machado
da equipe de estágio sob supervisão de Guilherme Barchik com informações do portal R7
Publicado em 11 fev 2021, às 07h59.

Devido ao fim do auxílio emergencial, o comércio irá deixar de faturar quase R$ 50 bilhões injetados diretamente em compras por pagamento digital.

De acordo com a Caixa Econômica Federal, somente por meio do aplicativo, o benefício movimentou em lojas e supermercados no ano passado R$ 47,6 bilhões, sendo R$ 35,5 bilhões em compras por cartão virtual e R$ 12,1 bilhões em QR Code.

Este valor que deixará de ser inserido no comércio é apenas um dos impactos que o fim do auxilio emergencial pode provocar no setor. Mesmo com a pandemia de coronavírus, o comércio fechou o ano de 2020 com alta de 1,2%, de acordo com dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira (10).

Além disso, houve crescimento em setores como de material de construção (10,8%), móveis e eletrodomésticos (10,6%), farmácia (8,3%) e alimentação (4,8%).

De acordo com o economista Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o auxílio emergencial foi fundamental para o varejo e, se não houvesse o benefício, a queda teria sido ainda maior.

Segundo estudo da entidade, o efeito do benefício no comércio reduziu pela metade as perdas previstas no início da pandemia de coronavírus. Havia uma projeção de queda no início da pandemia de aproximadamente 3%. Mas com o impacto do auxílio emergencial ao longo de 2020, essa projeção subiu cinco pontos percentuais, chegando a um crescimento de 2% em São Paulo.

“Porém, é importante que haja um cenário de previsibilidade a longo prazo. O que segura o consumo é o emprego. Precisa retomar a geração de emprego de forma mais forte, para que o consumo seja sustentável, não somente artificial, pelo auxílio emergencial”, afirma Dietze.

O economista ainda explica que o cenário é de cautela pois, com o fim do auxílio emergencial e aumentos expressivos nos preços dos alimentos, o o poder de compra da população diminui.

“Os varejistas vão ter que ficar mais atentos para poder postergar período de promoções para continuar atraindo o consumidor que não está seguro no seu emprego e tem medo dessa segunda onda de covid.”

O programa foi encerrado no fim do ano pelo governo, o beneficio começou em abril e beneficiou 68 milhões de pessoas, com R$ 294 bilhões, especialmente os trabalhadores informais e a população de baixa renda, para minimizar os efeitos da pandemia de coronavírus.

Novo auxílio emergencial

O presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta quarta-feira (10) que um novo auxílio emergencial voltou à ser discutido mesa de negociações, mas afirmou que “não há dinheiro no cofre” e qualquer pagamento será feito com endividamento do governo.

Mesmo com as resistências, o Ministério da Economia discute a possibilidade, mas para que isso aconteça é preciso que exista um acordo com o Congresso para aprovação rápida de medidas de corte de gastos. No Congresso, já há pelo menos 14 projetos para estender o benefício até que a situação da covid-19 seja controlada no país.

Além disso, os novos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), colocaram a volta do auxílio como uma das prioridades das duas Casas neste primeiro semestre.