Fim do coronavírus: o que se sabe até o momento?

Publicado em 4 maio 2020, às 00h00.

Quando será o fim do coronavírus? Além de ser uma das perguntas mais buscadas no Google Brasil nos últimos dias – o que mostra que o brasileiro está cansado de ficar em casa – a dúvida também aflige agentes políticos e  empresários, que precisam da resposta para elaborar políticas públicas eficientes e programar o retorno dos negócios.

Se fosse tão fácil determinar quando será o fim do coronavírus, ou melhor, quando o pesadelo da covid-19 vai terminar, a ansiedade não seria tão grande a ponto de parar a economia e investir tantos recursos em pesquisa e desenvolvimento de vacinas e medicamentos. E você, provavelmente, não estaria buscando essa resposta na internet.

Uma coisa é certa: se alguém disser que sabe exatamente a data do fim do coronavírus, está mentindo.

Ciência trabalha com método. Os pesquisadores tiram um problema da prateleira, observam, formulam questões, elaboram hipóteses, experimentam e só daí tiram conclusões, que podem ser contestadas ou não, mas sempre por outro estudo, utilizando o mesmo método. Não há espaço para achismos e adivinhação.

Fim do coronavírus

No caso do fim do coronavírus, existem diversos estudos publicados que tentam oferecer alguma pista. Mas não existe uma resposta fácil.

Uma pesquisa da Universidade de Tecnologia e Design de Cingapura, por exemplo, estimou que o fim do coronavírus no Brasil chegará será no dia 17 de setembro. E que em dezembro, a pandemia de covid-19 terminará em todo o mundo.

A pesquisa foi feita com base em dados colhidos diariamente sobre o coronavírus no mundo. No entanto, os pesquisadores destacam que a previsão é condicionada pela qualidade dos dados coletados.

No Brasil, o próprio Ministério da Saúde admite uma subnotificação gigantesca e que não sabe quando será o pico da epidemia. Em outros países do mundo, também não há testes, o que também coloca em xeque a credibilidade do estudo, que faz uma projeção em cima de dados oficiais.

A própria pesquisa da Universidade de Tecnologia e Design de Cingapura cita isso no resultado. “Os dados publicamente disponíveis hoje são baseados em testes, que são feitos de maneira diferente em diferentes países e ao longo de períodos de tempo. Os ciclos de vida pandêmicos variam de país para país, e diferentes países podem estar diferentes fases dos ciclos de vida em um mesmo ponto no tempo”.

Estimativas e projeções para o fim da pandemia

Pesquisadores das principais universidades do mundo sugerem que é provável que o novo coronavírus continue se espalhando pelos próximos dois anos, até que 60% ou 70% da população mundial seja infectada.

Em um estudo, o epidemiologista Michael Osterholm, diretor do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas (CIDRAP) da Universidade de Minnesota, recomenda que os países se preparem para cenários de ondas de infecções.

“A ideia de que o vírus simplesmente vai sumir desafia a microbiologia”, diz Osterholm, que há 20 anos é conselheiro de saúde da Casa Branca.

Seu estudo foi assinado com o epidemiologista da Escola de Saúde Pública de Harvard Marc Lipsitch e com a epidemiologista Kristine Moore, diretora do Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

Segundo os pesquisadores, por se tratar de uma infecção completamente nova, ninguém no mundo adquiriu imunidade. “A duração vai depender do desenvolvimento da imunidade de rebanho ou do desenvolvimento de uma vacina”, afirma o estudo.  

Os pesquisadores afirmam que autoridades públicas em todos os países deveriam se preparar para novos surtos aos invés de dizer que o coronavírus está terminando. “Os governos deveriam desenvolver planos concretos, incluindo planos graduais de reabertura, para que seja mais fácil ligar com novos picos da covid-19 quando eles aconteceram novamente”, recomenda o estudo.

Vacina contra o coronavírus

A pesquisa deixa claro que o desenvolvimento de uma vacina coronavírus tem potencial para alterar o curso de qualquer doença infecciosa. No entanto, no caso da covid-19, num ritmo muito lento.

“Por mais avançados que estejam os estudos para produzir uma nova vacina, ela não estará disponível antes do primeiro semestre de 2021. E quando estiver, não teremos capacidade de produzir para população do mundo inteiro, ao mesmo tempo”.