Funcionários da Unimed 'furam fila' e tomam vacina da Covid neste sábado (08)

por Giselle Ulbrich
com informações do Plural
Publicado em 8 maio 2021, às 21h13. Atualizado às 21h32.

Um comunicado encaminhado a todos os funcionários da Unimed Curitiba e demais empresas do grupo, nesta última sexta-feira (07), convocou todos os colaboradores da empresa para que comparecessem ao Pavilhão da Cura, no Parque Barigui, em Curitiba, neste sábado (08), para tomarem a vacina da Covid-19. Independente de ter comorbidade, bastava ser maior de 18 anos e ter sido contratado pela empresa no máximo até dia 5 de abril para ter direito à vacinação.

A informação foi divulgada pelo Plural, na noite de sexta-feira (07). Uma longa fila se formou no pavilhão ao longo deste sábado, livre inclusive para pessoas que atuassem em setores administrativos e home office, já que o comunicado da empresa aos funcionários não limitava setores ou trabalhadores atuantes diretamente no enfrentamento à pandemia.

Sem agendamento

A prefeitura divulgou, na sexta, que neste sábado seria vacinados exclusivamente os profissionais de saúde em três pontos da cidade: Pavilhão da Cura (Barigui), Ouvidor Pardinho e Centro de Referência, Esportes e Atividade Física (Creaf) do Guaíra. E que para estes profissionais seria necessário fazer o agendamento pelo aplicativo Saúde Já, da prefeitura.

No entanto, para os funcionários da Unimed, o agendamento não foi necessário, somente o cadastramento no aplicativo. O comunicado enviado aos funcionários dizia que bastava chegar ao Pavilhão da Cura (a vacinação dos funcionário da Unimed seria exclusivamente lá) em qualquer horário entre 8h e 17h, mostrar o crachá de colaborador e um documento de identificação. Veja o comunicado encaminhado aos funcionários:

(Imagem: Reprodução/Plural

O que dizem os envolvidos

O portal RIC Mais conseguiu contato com a Unimed na tarde deste sábado. No entanto, a operadora de saúde já tinha enviado ao Plural a seguinte nota (segue na íntegra):

A Unimed Curitiba esclarece que, atendendo chamamento da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, encaminhou a relação de seus colaboradores ainda não vacinados contra a Covid-19 para receber a cobertura vacinal como trabalhadores da saúde, por se tratar de profissionais que atendem a pacientes da operadora em busca de diversos serviços de saúde e também estão expostos, conforme previsto no Anexo I da sexta edição do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, de 27 de abril de 2021:

“Considera-se trabalhadores da saúde a serem vacinados na campanha, os indivíduos que trabalham em estabelecimentos de assistência, vigilância à saúde, regulação e gestão à saúde; ou seja, que atuam em estabelecimentos de serviços de saúde, a exemplo de hospitais, clínicas, ambulatórios, unidades básicas de saúde, laboratórios, farmácias, drogarias e outros locais. Dentre eles, estão os profissionais de saúde que são representados em 14 categorias, conforme resolução n° 287, de 8 de outubro de 1998, do Conselho Nacional de Saúde (médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, biólogos, biomédicos, farmacêuticos, odontólogos, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, profissionais da educação física, médicos veterinários e seus respectivos técnicos e auxiliares), agentes comunitários de saúde, agentes de combate às endemias, profissionais da vigilância em saúde e os trabalhadores de apoio (exemplos: recepcionistas, seguranças, trabalhadores da limpeza, cozinheiros e auxiliares, motoristas de ambulâncias, gestores e outros). Inclui-se, ainda, aqueles profissionais que atuam em cuidados domiciliares (exemplos: programas ou serviços de atendimento domiciliar, cuidadores de idosos, doulas/parteiras)”;

E também no item 9 da descrição dos Subgrupos de Trabalhadores de Serviços de Saúde do Plano Estadual de Vacinação contra a Covid-19 do Governo do Paraná:

“Trabalhadores dos demais serviços ambulatoriais e hospitalares, trabalhadores atuantes em farmácias, em sistema funerário que tenham contato com cadáveres potencialmente contaminados (COVID-19), cuidadores domiciliares, doulas, e trabalhadores atuantes em áreas administrativas, inclusive da gerência e gestão da saúde”.

A Unimed Curitiba reforça sua missão de cuidar de todos os seus cooperados, colaboradores e beneficiários, bem como de toda a população, em respeito à vida, e que cumpre todas as determinações das autoridades de saúde e contribui de forma efetiva para o combate da pandemia da Covid-19.

Já a Prefeitura de Curitiba respondeu reforçando que os funcionários da Unimed estão incluídos numa resolução nacional que especifica quais são os trabalhadores da área de saúde aptos a receber a vacina, o que inclui gestores e setores administrativos. E que as listas de profissionais a serem vacinados foram enviados pelos serviços de saúde e pelos conselhos de classe. Segue nota da prefeitura:

A Secretaria Municipal de Saúde vacinou contra a covid-19 neste sábado (8/5) o grupo final dos profissionais de saúde (que incluem profissionais de conselhos e de todas as áreas previstas no Plano Nacional, Estadual e Municipal), doentes renais crônicos que fazem hemodiálise em clínica e hospitais e, pessoas com deficiência permanente que precisam ser vacinadas em instituições ou em casa.

Os serviços de saúde enviam as listas dos trabalhadores de saúde assim como os conselhos de classe. A imunização dos grupos segue o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19.

MP pede explicações a Huçulak

O Ministério Público do Paraná (MPPR), através da Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba, pediu explicações e providências à secretária municipal de saúde, Márcia Huçulak, para assegurar a “equidade” da vacinação. No ofício, encaminhado à secretária, o promotor Marcelo Paulo Maggio diz:

“Reforça a Vossa Excelência a recomendação de que somente sejam vacinados trabalhadores de saúde que se amoldam ao preconizado pelo Ministério da Saúde, desse modo deixando de efetuar, neste momento do processo de imunização, a vacinação de profissionais da UNIMED e de outras empresas atuantes na área da saúde que não atuem no enfrentamento direto da Covid-19, sob pena do(s) responsável(is) virem a futuramente responder civil e criminalmente por tal ato”, diz o promotor no ofício.

Ele ainda dá um prazo de 48h para que Huçulak responda o ofício, dizendo quais providências tomou diante das recomendações.

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