Mandetta é demitido por Bolsonaro durante pandemia do Coronavírus

Publicado em 16 abr 2020, às 00h00.

O médico Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) foi demitido do cargo de Ministro da Saúde, pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quinta-feira (16), durante a maior pandemia do século. O novo coronavírus (covid-19) matou 1.924 brasileiros em 30 dias. No mundo, a doença matou mais de 130 mil pessoas. O oncologista Nelson Teich vai assumir o cargo.

O desligamento de Mandetta acontece depois de semanas de desentendimentos públicos com Bolsonaro, que é contra a estratégia de isolamento social e defende a abertura do comércio. Nesta semana, o próprio ex-ministro deu várias declarações revelando que afirmando que sairia do cargo, mesmo sem anúncio oficial.

Mandetta foi demitido com uma alta taxa de popularidade. A última pesquisa do Datafolha, publicada na semana passada, mostrou que o Ministério da Saúde, até então comandado por Mandetta tinha 76% da aprovação dos eleitores brasileiros, mais que o dobro do presidente da República.

A flexibilização do cargo frente à necessidade da reabertura do comércio é uma ação visível do governo federal para incentivar a recuperação da economia.

As repercussões negativas da demissão de Mandetta

Durante a semana, diferentes autoridades alertam o presidente Jair Bolsonaro sobre o desastre que seria trocar o ministro da Saúde durante a maior crise de saúde pública do século.

“Será uma grande perda e espero que seja escolhido um nome com a mesma qualidade de Mandetta”, lamentou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)

Nesta quarta-feira (15), o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), disse que a saída de Mandetta seria “um desastre”.

“Eles vêm demonstrando responsabilidade, apoio técnico, respeito à ciência, aos efeitos da Saúde e às recomendações da OMS. Entendo isso como um desastre e um risco à saúde pública do País. Há o risco de não termos mais orientação técnica e, sim, uma orientação política e ideológica”, disse Dória.

Entenda melhor os mais latentes “atritos” entre Mandetta e Bolsonaro

  • Mandetta defendia o isolamento social como forma de reduzir a velocidade da contaminação do novo coronavírus. Bolsonaro fala em isolar somente idosos e pessoas com doenças crônicas, permitindo o funcionamento do comércio sem as restrições a atividades econômicas determinadas por governadores.
  • Mandetta e Bolsonaro também divergiram sobre o uso da cloroquina, remédio usado no tratamento de malária, por pacientes com covid-19, a doença provocada pelo coronavírus.
  • O presidente Jair Bolsonaro divulga o uso do medicamento cloroquina, apesar da falta de comprovação científica da eficácia do remédio contra o coronavírus. Mandetta não recomendou o uso sem acompanhamento médico e destacou em entrevistas que a ciência não confirmou que a cloroquina funciona no tratamento do coronavírus.