A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse na manhã desta quinta-feira que o coronavírus tem sido um grande choque para a perspectiva econômica. “Coronavírus vai desacelerar produção e reduzir demanda”, afirmou, fazendo também um novo chamamento a uma “ambiciosa ação fiscal coordenada” para conter os impactos econômicos da doença. Para ela, os riscos tendem “claramente” para baixo em 2020 e também em 2021.
As declarações foram feitas em coletiva de imprensa logo após a decisão unânime do BCE de manter as taxas básicas de juros da zona do euro, o que surpreendeu grande parte do mercado, ainda que tenha anunciado outras medidas de estímulos.
“Novas medidas vão apoiar liquidez e financiamento para famílias e bancos”, afirmou, sobre o pacote anunciado. “Estamos dispostos a ajustar todos nossos instrumentos, quando necessário”. Lagarde disse que a autoridade monetária pode, se necessário, reduzir os juros básicos.
Projeções. Lagarde anunciou cortes nas previsões do BCE para a zona do euro, mas ressaltou que as revisões são anteriores ao choque do coronavírus. O crescimento do bloco para 2020 foi cortado de 1,1% para 0,8%, enquanto para 2021 foi reduzido de 1,4% para 1,3%. O crescimento para 2022, porém, foi mantido em 1,4%.
Em relação aos preços, o BCE manteve suas estimativas de inflação em 1,1% para 2020, em 1,4% para 2021 e em 1,6% para 2022. “Inflação deve desacelerar consideravelmente nos próximos meses”, disse Lagarde, que, por outro lado, reforçou que os impactos do coronavírus sobre os preços ainda são uma incerteza.
A presidente do BCE preferiu não comentar a decisão do presidente americano, Donald Trump, de suspender os voos da Europa para os Estados Unidos, como forma de conter a pandemia de coronavírus.