Menina de 1 ano morre por meningite em Maringá; família denuncia demora no atendimento
Uma menina de um ano morreu por complicações decorrentes da meningite bacteriana em Maringá, no noroeste do Paraná, na tarde de terça-feira (14). A família da vítima relata uma espera de sete horas no atendimento médico e conta que só soube do motivo da morte horas depois, devido à demora no preenchimento da declaração de óbito.
O haitiano Enock Septembre, pai da criança, conta que procurou atendimento em um posto de saúde às 6h de segunda (13), quando a filha dele estava com febre e vomitando. O médico do posto encaminhou a menina até a UPA Zona Norte, onde a família chegou por volta do meio-dia e só recebeu atendimento às 18h.
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A menina precisou ser internada. Durante a noite, a equipe médica avisou à família que alguns exames seriam necessários, já que havia a suspeita de infecção relacionada à meningite. Seria necessário retirar uma amostra da região da coluna, procedimento que demandaria anestesia.
Ainda segundo Enock, na terça-feira, a criança foi submetida a um procedimento desconhecido pela família.
“Não falaram nada que procedimento iam fazer. […] Nove horas da manhã ainda não sabiam nada… O doutor falou que estava tudo bem. Eu vi que passava o tempo e não davam as informações, depois o doutor saiu e falou que parou o coração dela, que ia tentar reanimar ela”,
explica o pai da vítima.
Às 14h de terça, Enock foi avisado sobre o falecimento da criança.
Família busca explicações
O advogado haitiano Pierre Erick Bruny afirma que a família está atrás de esclarecimentos. Segundo ele, o diagnóstico não veio na hora certa e a declaração de óbito não foi assinada por nenhum dos médicos.
“Saíram daqui sem um motivo, com um papel em branco, sem nada, nome, motivo da causa da morte, endereço, nada… Depois que a família fez várias tentativas que um deles aceitou assinar o laudo médico. Nós queremos explicações, queremos saber também quais são esses procedimentos que foram feitos, porque os médicos não foram falar para os familiares quais foram os procedimentos”,
destaca Pierre.
Nota da Secretaria de Saúde
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Maringá afirmou que a equipe médica obteve a confirmação do quadro de meningite após exames laboratoriais e que a paciente foi medicada e precisou ser intubada por via orotraqueal.
A secretaria ainda defende que “todas as medidas possíveis para reverter o quadro gravíssimo apresentado pela paciente foram tentadas”.
Confira a nota na íntegra:
“A Secretaria Municipal de Saúde informa que na data de ontem (14/06), às 14h40, Larissa Berthina Saintima Septempre, de um ano de idade, entrou em óbito por complicações decorrentes de meningite bacteriana. Ela deu entrada no PAC da UPA Zona Norte no dia 13, sendo atendida pela equipe de saúde, que obteve a confirmação do quadro de meningite após exames laboratoriais. Iniciou-se a busca por leito de UTI pela central de regulação da Secretaria de Estado da Saúde, que é responsável pela administração dos leitos disponíveis na região. A paciente foi medicada e, diante do agravamento rápido do caso, precisou ser intubada por via orotraqueal. A aceitação se deu pelo Samu, que é responsável por leitos vaga zero, e que se encaminhou à unidade para o transporte. Entretanto, a paciente já se encontrava instável e entrou em parada cardiorrespiratória. Após 50 minutos de tentativa de reanimação, a criança entrou em óbito. A Secretaria Municipal de Saúde informa que todas as medidas possíveis para reverter o quadro gravíssimo apresentado pela paciente foram tentadas, durante todo o período em que ela esteve na unidade, infelizmente sem sucesso. A Secretaria lamenta a perda, se solidariza com a família e se colocou à disposição para auxiliá-la nesse momento tão difícil. A meningite nesse caso foi causada pelo pneumococo (Streptococcus pneumoniae) e acontece quando a bactéria – que normalmente é encontrada na região nasal e garganta (nasofaringe) – tem acesso à corrente sanguínea e invade as membranas que recobrem o cérebro (meninges). É a segunda meningite mais frequente no Brasil, com alta letalidade (30% dos casos), principalmente em crianças até 2 anos”.