Ministério Público apura denúncias de 'fura-filas' da vacina em diversos estados do país

por Carol Machado
da equipe de estágio RIC Mais, sob supervisão de Guilherme Becker
Publicado em 22 jan 2021, às 09h35.

As denúncias de ‘fura-filas’ da vacina estão ocorrendo em pelo menos oito estados brasileiros. Promotorias já iniciaram investigações sobre as acusações de pessoas que teriam sido vacinadas contra Covid-19 mesmo sem pertencer aos grupos prioritários.

Os casos de “fura-filas” da vacina foram registrados no Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rondônia, Pará e Paraíba.

Entre os investigados estão autoridades como prefeitos, servidores públicos, além de familiares de funcionários da saúde entre outras pessoas que não se enquadram nos critérios do Ministério da Saúde.

Prefeitos são suspeitos de ter ‘furado a fila para receber a Coronavac

As pessoas denunciadas pelo Ministério Público nos estados, se forem condenadas, podem responder por crime ou, no caso de servidores, por ato de improbidade administrativa.

Bahia

A cidade de Candiba recebeu 100 doses da Coronavac, que são para vacinar apenas 50 pessoas, conforme aponta denúncia do Ministério Público Federal (MPF).

O prefeito da cidade baiana de Candiba, Reginaldo Martins (PSD), foi um dos primeiros vacinados. A vacinação do prefeito foi registrada e publicada nas redes sociais da prefeitura.

Após a denúncia, o prefeito tentou justificar a ação. Em um vídeo publicado no Instagram da prefeitura, foi alegado que a vacinação foi “um ato de demonstração de segurança, legitimidade e eficácia da vacina”.

Na descrição do vídeo ainda é mencionado que o prefeito se enquadra nos critérios por ter 60 anos e comorbidades. Porém, de acordo com o plano de vacinação apenas os maiores de 60 anos que vivem em instituições de longa permanência estão contemplados no primeiro grupo prioritário.

Sergipe

O prefeito Júnior de Amynthas (DEM), de Itabi (SE), também foi vacinado. Após ser alvo de críticas pela atitude, ele publicou vídeo nas redes sociais afirmando que o gesto foi uma ação para “incentivar a população para que tomasse a vacina”.

Amazonas

Em Manaus (AM), as médicas Isabelle Kirk Maddy Lins e Gabrielle Kirk Maddy Lins, filhas de Nilton da Costa Lins Júnior, presidente da Universidade Nilton Lins, publicaram em suas redes sociais fotos do momento da aplicação da vacina.

A prefeitura de Manaus afirmou, que a nomeação das médicas foi feita de forma regular e que elas estão atuando de forma legitima.

Pernambuco

A secretária de Saúde de Jupi (PE), Maria Nadir Ferro, e o fotógrafo oficial da prefeitura, Guilherme JG, também publicaram fotos sendo vacinados. Após as denúncias, a administração municipal emitiu uma nota afirmando que “repudia qualquer ilegalidade na não observação do plano estadual e municipal de imunização” e que afastou os dois profissionais.

Piauí

O prefeito de Guaribas (PI), Joércio de Andrade (MDB), foi fortografado sendo vacinado e o registro circulou pelas redes sociais. Em Uruçuí, também no interior do Piauí, o prefeito Dr. Wagner Coelho (PP) foi imunizado. Em sua defesa, ele afirmou que é médico e que faz atendimento de pacientes diagnosticados com covid-19.

Primeira fase da vacinação

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no domingo (17) o uso emergencial para duas vacinas: CoronaVac (Instituto Butantan) e AstraZeneca (Fiocruz).

A primeira fase da vacinação prioriza a aplicação em pessoas que são funcionários da saúde, pessoas de 75 anos ou mais, pessoas de 60 anos ou mais institucionalizadas e índigenas aldeados em terras demarcadas.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, tem até o momento apenas seis milhões de doses da Coronavac, que já foram aprovadas pela Anvisa.

Dois milhões de doses da vacina de Oxford, serão importadas da Índia e devem cegar nesta sexta-feira (22).