O que é mpox, sintomas da doença, transmissão e tratamento

Os sintomas costumam durar entre 2 a 4 semanas. Não há tratamento específico e a doença pode levar à morte

por Daniela Borsuk
com colaboração do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná e Mem Comunicação
Publicado em 15 ago 2024, às 16h03. Atualizado em: 16 ago 2024 às 13h52.
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A mpox, também conhecida como varíola dos macacos, foi anunciada como uma emergência global pela Organização Mundial da Saúde. Mas afinal, o que é a doença, quais os sintomas, a forma de transmissão e como é feito o tratamento? O biomédico Thiago Nascimento, delegado do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná 6ª Região (CRBM6) em Londrina, mestre em Patologia com ênfase em Imunologia e doutorando em Patologia Experimental pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) responde (veja abaixo).

entenda o que é a mpox, conhecida como varíola dos macacos
Não há tratamento específico para a infecção pelo vírus da Mpox (Foto: CDC/Cynthia S. Goldsmith, Russell Regnery)

No Brasil, até o momento em 2024, foram notificados 709 casos de Mpox no Brasil, com um total de 16 óbitos, o mais recente registrado em abril de 2023. Nenhum dos casos está relacionado com a variante identificada no surto da África Central.

O que é mpox?

A mpox (varíola dos macacos) é uma zoonose causada pelo vírus monkeypox, do gênero Orthopoxvirus, pertencente à família Poxviridae. A essa família também pertencem os vírus da varíola e o vírus Vaccínia, a partir do qual a vacina contra varíola foi desenvolvida.

Há duas cepas geneticamente distintas do vírus da mpox: a cepa da Bacia do Congo (África Central) e a cepa da África Ocidental. As infecções humanas com a cepa da África Ocidental parecem causar doença menos grave em comparação com a cepa da bacia do Congo.

“O vírus da mpox foi identificado pela primeira vez em 1958, em colônias de macacos mantidos para pesquisa; daí o nome monkeypox. Apesar disso, os roedores são considerados os reservatórios naturais do vírus, e não os macacos”, explica o biomédico Thiago Nascimento.

“A doença foi reportada em humanos pela primeira vez em 1970, na República Democrática do Congo. O aumento recente nos casos fora da África, onde a doença é endêmica, chamou a atenção global para a necessidade de vigilância e resposta rápida para evitar a disseminação”, complementa Nascimento.

Sintomas da varíola dos macacos

Os sintomas mais comuns da doença são febre, calafrios, dor de cabeça e dores no corpo, dor nas costas, cansaço, ínguas, feridas na pele (erupções cutâneas) e gânglios inchados (que comumente precedem a erupção característica da doença).

Em caso de suspeita da doença, é fundamental procurar imediatamente uma unidade de saúde e evitar o contato com outras pessoas.

Transmissão da doença mpox

Tradicionalmente, a mpox é transmitida principalmente por contato direto ou indireto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou mucosas de animais infectados.

A transmissão secundária ou de pessoa a pessoa pode acontecer por contato próximo com secreções infectadas das vias respiratórias ou lesões na pele de uma pessoa infectada ou com objetos contaminados recentemente com fluidos do paciente ou materiais da lesão.

“Precisa ter cuidado com beijos e abraços em virtude da proximidade com as gotículas respiratórias, que também podem transmitir a doença. Cuidado também com o contato indireto por meio de objetivos contaminados, como roupas e roupas de cama”, destaca o reresentante do CRBM6, Thiago Nascimento.

A enfermidade também é transmitida por inoculação ou através da placenta (varíola dos macacos congênita). Por enquanto, não há evidência de que o vírus seja transmitido por via sexual.

Tratamento

Não há tratamento específico para a infecção pelo vírus da mpox. A atenção médica é usada para aliviar dores e demais sintomas e prevenir sequelas em longo prazo. Os sintomas costumam durar entre 2 a 4 semanas.

“Fique atento à piora dos sintomas ou aumento da quantidade de bolhas e feridas no corpo, além de problemas nos olhos, como inchaço e conjuntivite. Se houver erupção cutânea, é importante deixá-la secar ou cobrir com um curativo úmido para proteger a área, se necessário. Cuide da hidratação e faça isolamento. Evite tocar em feridas na boca ou nos olhos”, reforça o delegado do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná 6ª Região (CRBM6) em Londrina.

“É falsa a narrativa que associa a mpox como efeito colateral de vacinas contra a Covid-19. A infecção por mpox é causada por um vírus e não um efeito colateral de imunizantes”, completa o biomédico Thiago Nascimento.

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