Paraná precisa vacinar 56% da população para conter pandemia, aponta pesquisa

por Caroline Maltaca
com informações da UFPR
Publicado em 18 jun 2021, às 20h36.

Um estudo publicado pelo grupo de pesquisa interdisciplinar Ação Covid-19, formado por pesquisadores de diversas áreas do conhecimento associados a 13 instituições, sendo uma delas a UFPR (Universidade Federal do Paraná), apontou que o Paraná é o estado brasileiro que apresenta maior urgência no aumento de sua cobertura vacinal para conseguir conter a pandemia de Covid-19.

De acordo com a pesquisa referente ao período avaliado de 19 de abril a 19 de maio, o Estado precisa vacinar, com as duas doses, pelo menos 56% da sua população para atingir o número necessário para controlar o aumento da pandemia.

Isso porque, o Paraná já apresentou uma situação crítica no início de março, com a ocupação de leitos de UTI atingindo mais de 95%, com o isolamento social em queda (46% em média) e com o aumento no número de casos, o que só melhorou com a entrega de novos lotes de imunizantes e do decreto que instituiu medidas de contenção ao coronavírus, restringindo a circulação de pessoas.

“Na metade do mês, esse panorama se agravou com a taxa de ocupação de UTI chegando a 100%, além da falta de oxigênio, a contínua queda no isolamento, que atingiu 35%, e a falta de vacinas”, revelam os especialistas.

Santa Catarina

Sendo o destino de muitos paranaenses em feriados e finais de semana, Santa Catarina é outra região cujo cenário é preocupante. De acordo com o estudo, é possível observar diversas tendências que impactam a gravidade da pandemia nessa localidade.

“Em meados de [março], o governo estadual instituiu decretos com medidas de contenção ao coronavírus. Porém, o índice de isolamento não aumentou como esperado, mantendo-se próximo a 50%. Com a esperança de reverter o colapso do sistema de saúde estadual, Santa Catarina recebeu 147,4 mil vacinas, o maior lote desde janeiro. Contudo, no final do mês, a taxa de isolamento continuou sendo um problema e atingiu um dos piores índices do Brasil (30,3%)”, destacam os estudiosos.

Novas medidas restritivas foram instituídas e prorrogadas até abril. Houve o aumento de multas e de fiscalização. Essas ações impactaram a taxa de letalidade da doença, ajudando Santa Catarina a deixar o posto de estado com maior número de mortes.

“A cobertura vacinal mínima está em 49,3% o que, junto com o sistema de saúde em colapso e a tendência à notificação de casos e óbitos de forma irregular, aponta para a necessidade de cumprimento do isolamento social e o aumento da velocidade de vacinação na região”.

Até o momento, apenas 9,53% da população catarinense foi imunizada com as duas doses.

Nível Brasil

Até o dia cinco de maio de 2021, o Brasil havia vacinado 33.404.33 pessoas com a primeira dose e 17.039.463 com o reforço do imunizante, o que corresponde a 16% e 8% da população total, respectivamente. A análise referente ao mês de abril deste ano apontou que houve elevação da porcentagem de imunizados em todas as regiões do país, mesmo que abril tenha sido marcado por uma queda acentuada no ritmo da vacinação.

Os pesquisadores alertam que a prioridade de vacinação de cada estado não está sendo leva em consideração na distribuição das doses pelo Ministério da Saúde.

“Isso é evidenciado quando observamos que São Paulo, Amazonas e Maranhão vacinaram em torno de 30% do estipulado como necessário para controlar o aumento no número de casos. Enquanto isso, Amapá, Rondônia e Acre vacinaram menos de 14% da cobertura vacinal mínima ideal”

Diante destes aspectos, os autores argumentam que é urgente e necessário que os modelos de análise do panorama nacional sejam utilizados para elaborar mapeamentos estratégicos para o enfrentamento da pandemia no país.

“Criando um ranking de urgência e realizando análises periódicas de todos os estados é possível, por exemplo, localizar os pontos de atenção, os déficits de cobertura da vacinação, sinalizar subnotificações e, com isso, chegar cada vez mais próximo de um plano nacional e conjunto de luta contra a pandemia”

Estados avançados

Comparando o mês de abril com os demais períodos avaliados, os pesquisadores concluíram que é alto o número de estados em situação crítica, ou seja, que ainda precisam vacinar, pelo menos, mais 25% da sua população, com as duas doses, para conter a expansão do coronavírus. Os aumentos mais significativos na porcentagem necessária de vacinação foram observados no Mato Grosso e em Tocantins, indicando uma piora do cenário epidêmico desses estados.

O Maranhão tem se apresentado como um destaque positivo dessa série de estudos e, desde dezembro de 2020, demonstra as menores necessidades de imunização entre todos os estados do Brasil. Apesar de ter aumentado a necessidade de vacinação nos meses posteriores, reflexo da piora da pandemia em todo o país, a região ainda se mantém abaixo das demais e deve conseguir conter a pandemia mais rapidamente.

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