Pesquisadores de Hong Kong relatam primeira reinfecção de coronavírus do mundo

Publicado em 24 ago 2020, às 13h28. Atualizado às 14h18.

Um cidadão de Hong Kong que se recuperou da Covid-19 voltou a ser infectado quatro meses e meio mais tarde, no primeiro caso documentado de reinfecção humana, anunciaram pesquisadores da Universidade de Hong Kong nesta segunda-feira.

A descoberta indica que a doença, que já matou mais de 800 mil pessoas em todo o mundo, pode continuar a se disseminar pela população global apesar da chamada imunidade de rebanho, disseram.

O homem de 33 anos ficou curado da Covid-19 e teve alta de um hospital em abril, mas foi diagnosticado novamente depois de voltar da Espanha via Reino Unido no dia 15 de agosto.

O paciente parecia estar saudável antes, disseram os pesquisadores no estudo, que foi aceito pelo periódico médico internacional Clinical Infectious Diseases.

Descobriu-se que ele contraiu uma linhagem de coronavírus diferente daquela que havia contraído da primeira vez e que continuou assintomático com a segunda infecção.

“A descoberta não significa que tomar vacinas será inútil”, disse o doutor Kai-Wang To, um dos principais autores do estudo, à Reuters.

“A imunidade induzida pela vacinação pode ser diferente daquelas induzidas pela infecção natural”, explicou To. “Ainda precisaremos esperar pelos resultados dos testes de vacinas para ver o quão eficientes as vacinas são”.

Maria Van Kerkhove, epidemiologista da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse nesta segunda-feira (22) que não se deve tirar conclusões precipitadas em reação ao caso de Hong Kong.

Casos de pessoas que tiveram alta e voltaram a ter exames positivos de infecção de Covid-19 já foram relatados na China continental e em outros países, mas nunca havia ficado claro se elas foram infectadas novamente depois de uma recuperação plena –como ocorreu com o paciente de Hong Kong– ou se ainda tinham o vírus da infecção inicial no organismo.

O número preliminar de pacientes da China que voltaram a ser diagnosticados depois de saírem do hospital é de 5% a 15%, disse Wang Guiqiang, especialista em doenças infecciosas do grupo chinês especializado em tratamento contra Covid-19, durante uma entrevista coletiva em maio.

Uma explicação possível é que o vírus ainda existia nos pulmões do paciente, mas não foi detectado em amostras colhidas das partes superiores das vias aéreas, disse ele. Outras causas possíveis são a sensibilidade baixa dos exames e a imunidade fraca que pode levar a resultados positivos persistentes, acrescentou.

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