PFF2, N-95 e máscara de tecido: saiba qual é o modelo mais seguro

Publicado em 28 mar 2021, às 13h09.

Com o agravamento da pandemia do coronavírus no Brasil e o surgimento das novas cepas do vírus, as máscaras do modelo PFF2 e N-95 começaram a ganhar popularidade, principalmente na internet. Mas afinal, qual a diferença entre elas e o modelo mais seguro? E ainda, será que as máscaras de tecido deixaram de ser eficazes?

Para responder essas e outras perguntas, e tirar as dúvidas sobre esse novo momento da pandemia, o RIC Mais conversou com a médica Viviane de Macedo, infectologista, doutora em Ciências e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo. Confira o que diz a especialista.

PFF2 e N-95, qual a diferença?

As máscaras PFF2 e N-95 são indicadas para uso hospitalar, em situações que envolvam partículas muito pequenas, chamadas de aerozóis. Neste caso, a PFF2 possui eficiência de 94% contra essas partículas e a N-95 possui eficácia de 95%. De acordo com a Dra. Viviane, há ainda a PFF3, que protege em 99%.

É preciso ressaltar, no entanto, que a transmissão da covid-19 acontece, em sua maioria, através de gotículas expelidas pelo nariz e pela boca. Por isso, as máscaras PFF2 e N-95 são mais necessárias em casos que as partículas estejam como aerozóis, como acontece durante intubações, por exemplo.

Para a infectologista Viviane, uma das preocupações da popularização das máscaras hospitalares é que a alta procura faça com que o insumo acabe em falta para profissionais de saúde, dependendo de como está a demanda das empresas que produzem o material.

“A preocupação é essa, a gente não sabe quando a pandemia vai acabar. Se houver essa falta [das máscaras pela alta procura] e começar a ficar mais caro, terá que ter políticas públicas para a conscientização, assim como aconteceu no início da pandemia”.  

Destacou a médica.

Para quem são indicadas

As máscaras PFF2 e N-95 são indicadas para os profissionais de saúde que estejam em contato com os pacientes, na linha de frente ao combate ao novo coronavírus. No entanto, algumas pessoas já tem procurado a proteção para se sentirem mais seguras.

“Se a pessoa não vive no ambiente hospitalar não seria a indicação, basta a máscara cirúrgica ou de tecido de três camadas. Mas se trabalha em ambiente fechado, com pouca ventilação e ela quer uma proteção a mais, aí as máscaras PFF2 e N-95 podem ser uma opção”.

explicou Viviane.

No entanto, na hora de comprar o novo modelo, é preciso ter atenção para a certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a marca escolhida.

“Existe uma recomendação de como ela tem que ser produzida, tem material específico interna e externamente, e tem que ter a comprovação técnica de eficácia de 94% e 95%“, disse a infectologia. No site da Anvisa, é possível encontrar uma lista com os fabricantes que produzem máscaras consideradas ineficazes para a proteção.

Outra observação é sobre os modelos com válvulas disponíveis no mercado e que não são indicadas para barrar o contágio da covid-19. “Não são recomendadas pois elas acabam contaminando os ambientes. Com ela, somente a pessoa que usa se protege, se ela tiver infectada elimina as gotículas pela expiração e pode passar a doença”, contou Viviane.

PFF2 e N-95 podem ser usadas mais de uma vez?

 As máscaras PFF2 e N-95 podem ser usadas mais de uma vez. No entanto, é preciso ter cuidado para não danificar o produto e não submeter a máscara à lavagem ou “limpeza” com álcool.

“Não recomenda-se a lavagem dessas máscaras justamente pois podem ser danificadas, o que não garantiria a eficiência de filtragem proposta pela empresa na embalagem”, explicou Viviane. A médica ainda afirmou que é possível reutilizar a máscara fora do ambiente hospitalar por cerca de 30 dias, desde que não esteja suja ou visivelmente danificada, com avarias para a vedação.

Qual a máscara ideal?

Tanto a máscara PFF2 quanto a N-95 são seguras. Ambas possuem proteção acima de 90% para partículas aerozóis e, consequentemente, também para as gotículas que possam transmitir a covid-19 presentes no ambiente.

Conforme a infectologista, elas são essenciais em pessoas que atuam em ambientes hospitalares ou que estejam trabalhando em locais fechados, com pouca ventilação.

No entanto, as máscaras de tecido continuam sendo eficazes, desde que tenham três camadas e estejam bem ajustadas no rosto, cobrindo o nariz e a boca, e tenham vedação garantida, ou seja, não fiquem “largas” ou caindo do rosto.

“Máscaras de três camadas de tecido são indicadas, podendo ser de TNT, algodão ou seda, todos esses materiais já se mostraram úteis em fazer uma boa filtragem e reduzir as gotículas para que elas não se transmitam no ambiente”.

descreveu Viviane.

A médica infectologista ainda enfatizou que as recomendações para enfrentamento da covid-19 continuam as mesmas, com uso de máscaras de forma correta, o distanciamento social e o uso do álcool em gel 70%. “Não tem segredo, as variantes só estão aparecendo pois estamos permitindo que o vírus se transmita de pessoa para pessoa. Cada vez que ele infecta uma pessoa, ele vai se aperfeiçoando“, finalizou.