Presídios já produziram mais de 330 mil unidades de EPIs para combater coronavírus

por Renata Nicolli Nasrala
com informações da Agência de Notícias do Paraná
Publicado em 14 maio 2020, às 00h00.

300 presos de 23 unidades prisionais do Paraná já confeccionaram mais de 318 mil máscaras até dia 12 de maio. De acordo com o Governo do Estado, a produção dos equipamentos de segurança para combater o coronavírus chega a 10 mil itens diariamente.

Além de máscaras, foram fabricados ainda quase 10,4 mil jalecos e cerca de 4,5 mil itens para hospitais como lençóis, pijamas e escudos faciais.

Presídios fazem EPIs para ajudar a combater coronavírus em todo o Paraná

Conforme Romulo Marinho Soares, secretário da Segurança Pública, os materiais estão sendo produzidos há pouco mais de um mês.

“Sabemos que a demanda destes produtos de segurança individual seria grande e o mercado poderia não absorver. Com os presos confeccionando máscaras, por exemplo, estamos conseguindo atender as demandas internas e ainda compartilhar com as prefeituras e casas de saúde”, destacou o secretário.

Dos 333 mil itens confeccionados dentro do sistema prisional do Paraná, pelo menos 53,7% (ou 179 mil) foram repassados para outras corporações da Secretaria da Segurança Pública (Polícias Militar, Civil e Científica) e, também, a hospitais públicos, guardas municipais, prefeituras, centros de socioeducação e instituições religiosas.

Produção também beneficia os detentos

Conforme Francisco Alberto Caricati, diretor geral do Departamento Penitenciário (Depen), a produção dentro das unidades ainda beneficia os próprios presos, que recebem um pecúlio e remição de um dia pena a cada três trabalhados.

“Toda essa produção de equipamentos de proteção individual mostra que ainda podemos acreditar na recuperação do preso, porque pessoas que antes cometeram uma violação contra a sociedade, são as que estão ajudando a superar esta crise”, ressaltou.

Além disso, o trabalho traz economia aos cofres públicos. Um levantamento interno do Depen mostra que, se o material fosse comprado com recursos próprios, a instituição gastaria em torno de R$ 1 por máscara de tecido cirúrgico.

“Com a compra de materiais e mão de obra dos presos, estamos investindo apenas cerca de R$ 0,35 por unidade produzida”, calculou o chefe do Setor de Produção e Desenvolvimento (Seprod) do Depen, Boanerges Silvestre Boeno Filho.

Neste valor também estão inclusos os custos de aviamentos (como linha, elástico e arame plastificado).

máscaras cadeias paraná

Foto: Depen

Oficinas

Segundo Boanerges Silvestre Boeno Filho, chefe do Setor de Produção e Desenvolvimento (Seprod) do Depen, diversas oficinas de costura de empresas conveniadas às unidades prisionais do estado suspenderam ou reduziram temporariamente a produção por conta da pandemia do Covid-19.

“Com isso, temos voltado as confecções à fabricação de máscaras, principalmente, e jalecos, que são distribuídos aos profissionais da saúde e da segurança pública”, afirmou o chefe do Seprod.

O número de internos nestes canteiros de trabalho tende a crescer, pois o sistema continua abrindo vagas para presos trabalharem nos setores de costura dos equipamentos de proteção individual.

“Fizemos um levantamento de todas as unidades prisionais que pediram e logo devemos chegar a 370 detentos trabalhando na costura de máscaras e jalecos, entre outros produtos, em todo o estado”, afirmou Boanerges.