Prevenção ao suicídio: CVV Londrina completa 42 anos de atendimento

Publicado em 4 nov 2022, às 10h34. Atualizado às 10h38.

Ansiedade e depressão são alguns dos transtornos que levam milhares de pessoas no mundo a abreviarem a própria vida. Em Londrina, o trabalho de prevenção ao suicídio tem sido realizado de forma voluntária e ininterrupta há 42 anos pelo CVV (Centro de Valorização da Vida).

Desde de 30 de outubro de 1980, a entidade presta serviço de apoio emocional para quem precisa de ajuda. De acordo com a fundadora e ainda hoje voluntária na entidade, Lucília Defreitas, quem procura o CVV são principalmente pessoas solitárias e depressivas, que carregam mágoas. “A pessoa fala, mostra o seu problema e damos oportunidade de ela refletir e ela mesma chegar a uma conclusão, a uma solução”, explica.

O atendimento do CVV funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano, e é totalmente gratuito. Ele é feito, em grande parte, pelo telefone 188, que está integrado ao sistema nacional desde 2018. Isto significa que o voluntário de Londrina recebe ligações de qualquer lugar do Brasil, assim como quem liga da cidade para o CVV pode ser atendido por alguém de localização incerta. Nestes mesmos moldes, os voluntários atendem, ainda, pelo chat e pelo e-mail, ambos disponíveis no site.

Atualmente, o CVV Londrina conta com 32 voluntários, admitidos após participação em programas de seleção. Qualquer pessoa, maior de 18 anos, pode se inscrever, desde que disposta a manter uma conversa franca e sem julgamentos, garantindo total sigilo e o anonimato de quem foi atendido.

Lucilia explica que o principal valor do voluntário em serviço é a aceitação. “Nós damos todo o apoio, mas não interferimos na vida da pessoa”, observa. Isso quer dizer que o voluntário não utiliza a sua formação acadêmica ou a sua crença para atender, e tem que estar aberto ao diferente. “Não é fácil. Às vezes, têm certos atendimentos que mexem com os valores do voluntário. Mas, ele está ali e não pode julgar e também não pode aconselhar”, delimita.

A coordenadora do CVV Londrina, Neide Maria dos Santos, afirma que o posto recebe apoio institucional do CVV Nacional, que estabelece regras e práticas a serem cumpridas, coordena programas de seleção e aperfeiçoamento dos voluntários, além de confeccionar materiais diversos, incluindo os de divulgação institucional.

A entidade mantém sua sede própria por meio de convênio com o município, que viabiliza o pagamento das despesas fixas mensais. “Bem, quando é preciso a realização de manutenções, por exemplo, ou aparecem despesas não previstas, contamos com contribuições dos próprios voluntários”, observa a coordenadora.

Neide enfatiza que o CVV busca contribuir para uma sociedade compreensiva, fraterna e solidária, oferecendo para as pessoas uma escuta ativa. “Nossa parte para alcançarmos esta sociedade ideal é oferecer alguém que escute quem precisa falar, de forma que ela possa ser ela mesma, sem reservas”, comenta.

“Nos colocamos disponíveis para prestar apoio emocional para as pessoas, estando junto delas no momento do sofrimento, tentando aliviar a angústia, o desespero”, ressalta Neide.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas cometem suicídio anualmente, o que representa uma a cada 100 mortes registradas. A entidade também aponta o suicídio como a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, que perdem a vida, principalmente em acidentes de trânsito.