Professores estaduais dizem que não retornarão às aulas presenciais na segunda
Professores e outros trabalhadores da rede estadual de ensino prometem cruzar os braços e não voltar às aulas na segunda-feira (15). Se o governador Ratinho Júnior não recuar na decisão de voltar às aulas presenciais nesta data, diz a APP-Sindicato, a categoria promete entrar em greve. No entendimento do sindicato, é impossível voltar às aulas com este agravamento da pandemia.
Lucas Ferrante, cientista coordenador de um estudo que aponta o descontrole da epidemia de Covid 19 em Curitiba, alertou à APP-Sindicato sobre uma terceira onda da doença que elevará o número de mortes para até 100 por dia na capital, no começo de abril. E em junho, deveremos chegar a uma quarta onda, caso a situação fique fora do controle. A APP defende que as aulas continuem no mesmo modelo do ano passado, com aulas à distância.
A APP ainda pediu Ferrante, que é cientista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), para fazer um estudo semelhante ao realizado em Curitiba abrangendo todo o Paraná. “Essas pesquisas regionalizadas vão nos dar um quadro real da situação em todo o Estado”, explica Leão. O trabalho deve estar pronto daqui a duas semanas.
Frente Parlamentar do Coronavírus
Na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o retorno às aulas presenciais, programado para a segunda-feira (15) em toda a rede de ensino público estadual no Paraná, também foi debatido durante a reunião da Frente Parlamentar do Coronavírus.
A preocupação com a disseminação da cepa da variante amazônica do vírus foi demonstrada pela representante da APP Sindicato, Walkiria Mazeto. Segundo ela, as escolas municipais e estaduais paranaenses não têm estrutura adequada para garantir a biossegurança dos alunos.
“Não é um ambiente controlado. Se o Estado não consegue dar conta do uso de máscaras e distanciamento, como os professores e profissionais vão controlar a interação social aguardada pelas crianças e adolescentes? Nossos profissionais usam transporte coletivo urbano para ir às escolas e um professor interage durante o dia com pelos menos 100 estudantes”, declarou Walkiria.
A crítica foi à afirmação feita pelo representante da Secretaria de Estado da Educação, diretor de educação Roni Miranda, de que a rede de ensino está totalmente adequada. “Acreditamos no espaço escolar como ambiente controlado, com profissionais de educação, professores, pedagogos e administrativo preparados para receber os estudantes com orientação da secretaria”.
“Houve evasão de 70 mil estudantes em 2020, tanto do fundamental quanto do médio. O ensino remoto do Paraná foi exemplo para o Brasil, mas é paliativo. O momento agora é de retorno, presencial”, disse Miranda.
A afirmação foi contestada por Walkiria Mazeto. De acordo com ela, 70 escolas que tiveram casos confirmados no retorno às aulas em fevereiro não tiveram a suspensão das atividades autorizadas pela SEED.
A solicitação foi acompanhada pela deputada Luciana Rafagnin. “Como vamos colocar em risco nossas crianças, professores e profissionais da educação? Sugiro encaminhar um ofício ao governador para que as aulas sejam suspensas em pelo menos 30 dias. Precisamos ter a situação controlada. Que este requerimento seja encaminhado com urgência”, cobrou.
De acordo com Douglas Oliani, diretor do Sindicato das Escolas Particulares de Curitiba, 95% das escolas particulares atenderiam a todos os critérios para voltar às aulas presenciais. Ele pediu ajuda dos parlamentares paranaenses para encaminhar à Câmara Federal a recolocação dos professores e profissionais de educação na escala de prioridades da vacinação no país, de quarto para segundo grupo a receber a imunização.