Prótese auditiva inédita no Brasil chega a Londrina nesta quinta (20)
Londrina, norte do Paraná, será a primeira cidade do país a realizar o implante da prótese auditiva por condução óssea do sistema Osia. O aparelho, lançado nos EUA, também permite que os pacientes escutem músicas e atendam ligações via bluetooth. A primeira cirurgia no país vai acontecer no Hospital Otocentro de Londrina, nesta quinta-feira (20).
Quem vai receber o novo dispositivo é o adolescente Lucas Pulcinelli de Araújo, de 14 anos. Aos 4, ele foi diagnosticado com otite crônica com colesteatoma, doença que provoca, entre outras coisas, o vazamento de secreção do ouvido. A condição pode ocasionar perda auditiva e requer acompanhamento médico periódico.
Desde que descobriu a doença, Lucas já passou por duas cirurgias. A família mora em Santa Amélia (PR), a cerca de 100 km de Londrina. Por ser uma cidade pequena e sem especialização que dê conta do caso, o adolescente tem feito o tratamento entre Londrina e Curitiba. Após a segunda cirurgia, Lucas perdeu a audição do ouvido direito.
“Quando ele fez a primeira cirurgia, o Dr. André disse que estava no limite. Passou um ano e a doença voltou. Por ser crônica, todo ano ele precisava passar por exames. A doença voltou e ele fez outra cirurgia, dessa vez mais agressiva. Foi onde ele perdeu totalmente a audição do ouvido direito. Tem alguns resíduos que atrapalham ao invés de ajudar”,
explica Janete Pulcinelli, mãe de Lucas.
Lucas escuta bem com o lado esquerdo e leva uma vida normal. Mesmo assim, não esconde a expectativa com a melhora na qualidade de vida, desde as coisas mais cotidianas.
“Eu tenho bastante problema de falta de atenção e acho que isso vai melhorar. Quando vou ajudar meu pai no sítio, ele me chama para vir e eu não sei de onde ele está me chamando, fico meio perdido até achar ele. Vai melhorar isso e, também, no esporte, porque eu gosto de jogar bola.”,
comenta Lucas.
A cirurgia dura entre 20 a 30 minutos e será realizada pelo Dr. André Ataíde, especialista em otorrinolaringologia. Ela consiste em colocar o aparelho na parte interna da cabeça, no osso do crânio, em uma perfuração de poucos milímetros. O processador, parte externa do sistema, é posicionado sobre a pele com um ímã.
A recuperação dura de 30 a 45 dias, dependendo da faixa etária do paciente. Depois deste período, é preciso realizar a ativação do implante. Esse procedimento é realizado pela fonoaudióloga, responsável, também, pelo acompanhamento do paciente.
“Eu preciso esperar esse tempo porque precisa ter uma osseointegração do pino com o osso do crânio, que é onde vai fazer a estimulação para a pessoa escutar. Quando formos fazer essa ativação, é o momento em que o paciente vai escutar. Então vamos ligar esse processador, vamos ajustar a perda auditiva e ensiná-lo a usar o processador.”
esclarece Ana Paula Santana, fonoaudióloga responsável pela ativação do aparelho do paciente.
Sobre o aparelho
Uma das novidades do dispositivo é a conectividade por bluetooth. Através de um aplicativo de smartphone, o paciente consegue controlar a programação, o volume e a localização do aparelho – por um sistema de GPS. Além disso, atende chamadas e escuta músicas.
Outro diferencial é o material piezoelétrico. Os sons, captados pelo processador, são enviados, de maneira digital, através de sinais, para o implante. Esse, por sua vez, irá enviar as vibrações até o osso do crânio. Nesse processo, é utilizada a capacidade natural do corpo de transmitir sons através do osso. Quando chegam ao ouvido interno, as vibrações são convertidas em impulsos elétricos e enviados para o cérebro interpretá-los como sons.
“Essa novidade torna o aparelho mais resistente […] ele é mais eficiente em sons agudos, então a qualidade do som que o paciente ouve é ainda melhor.”
comenta o Dr. André Ataíde.
Pessoas com malformações, problemas auditivos pós infecções e surdez unilateral podem se beneficiar da prótese. Entretanto, é importante lembrar que, em todo caso, deve-se conversar com o médico especialista.