Psicóloga dá dicas sobre como dizer às crianças que elas não podem assistir 'Round 6'

por Caroline Maltaca
com supervisão de Caroline Berticelli
Publicado em 11 out 2021, às 18h06.

Assim que a série “Round 6” foi lançada muitos debates tomaram conta da internet a cerca dos perigos que a exposição a cenas de alta violência podem gerar nas crianças que as assistem. Dividindo opiniões, existem pessoas que defendem que o mundo fictício não é capaz de influenciar a conduta de uma pessoa, enquanto outros afirmam que a proibição é a melhor alternativa para evitar futuros problemas.

Diante da dúvida, muitos pais não sabem como lidar quando o assunto chega em casa. Porém, como explica a psicóloga Rosilei Lima, em tal situação, o mais indicado é sempre seguir a classificação etária do material a ser consumido – não proibir, nem liberar, mas conversar sobre o assunto.

“Não podemos proibir, mas quando trazido o assunto, ouvir e explicar o porquê não pode assistir, uma boa maneira de explicar as crianças é que para que ela pertença a um grupo, não precisa fazer tudo que fazem”,

explica a psicóloga.

Apesar de ser o recomendável, Rosilei afirma que, nos dias de hoje, é comum que as crianças estejam mais livres para escolherem o que vão assistir, principalmente porque muitos pais estão no trabalho e não têm tempo para fiscalizar. Entretanto, ela ressalta que o cuidado deve ser redobrado.

Alusão a brincadeira infantis

Como a especialista explica, séries como Round 6, que apresentam violência explicita, podem despertar gatilhos significativos em quem esteja enfrentando vulnerabilidade emocional. Isso porque cada criança absorve conteúdos de forma diferente.

Enquanto algumas podem ficar ansiosas, ter pesadelos, medo de ficarem sozinhas, ter sentimentos de raiva e dificuldade de controlar as emoções, outras podem confundir a realidade com o que está sendo apresentado no decorrer dos episódios.

“Quem assistiu a série, pode observar que todas as etapas do jogo relembram brincadeiras e elementos infantis, como músicas e fantasias. [Conforme a história se desenrola], tudo isso se transforma em conteúdo violento. Esse conteúdo poderá ser um gatilho significativo se estiverem em vulnerabilidade emocional. Além dos danos psicológicos, podendo também bloquear e descontruir esse momento tão importante da infância, que é brincar”.

Como explicar a situação

Rosilei diz que, acima de tudo, é importante que os pais mantenham um canal de comunicação direta com os filhos, sempre criando um ambiente acolhedor que priorize o diálogo com os pequenos.

“Sempre orientando o que é saudável para idade e o porque eles não devem assistir, devem estabelecer esse limite e serem claros, mantendo o controle sobre o que estão assistindo”.

Como explica a especialista, uma dica valiosa aos pais é não proibir sem antes explicar e orientar o porquê de não autorizarem.

“A tecnologia é muito importante, mas precisamos deixar viva a infância das nossas crianças, onde utilizem menos as telas e mais as brincadeiras”.