Redução do salário ou demissão como sobreviver durante a pandemia

por Carol Machado
da equipe de estágio RIC Mais, sob supervisão de Larissa Ilaídes
Publicado em 11 maio 2020, às 00h00.

A crise criada pelo novo coronavírus até o momento tem como o maior impacto a saúde das pessoas, o que deve ser realmente o mais importante. Contudo, não se pode negar que em um curto período o impacto também será nas finanças, que pode levar milhões à inadimplência. E um dos fatores que podem levar a essa situação são a redução do salário ou a demissão.

A situação já tem deixado muitas pessoas em pânicos. Crescem o caso de quem já perdeu o emprego e outras situações que os trabalhadores terão que suportar uma grande redução dos ganhos, que pode chegar a mais de 50% em muitos casos.

O presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN), Reinaldo Domingos, alerta que o que deve ser evitado nesse momento é o desespero.

“É óbvio que a situação é assustadora para muitos, mas entrar em pânico só prejudica, levando muitas vezes à tomada de decisões erradas que poderão impactar ainda mais nas finanças. Assim, primeira coisa é buscar forças e ter calma para olhar de forma inteligente as finanças”, explica Domingos. “Sempre afirmo que é com os tombos que aprendemos a andar. Por isso, é hora de buscar uma reestruturação financeira, para atravessar esse período e, posteriormente, estar prevenido para imprevistos”, complementa.

Como sobreviver durante a pandemia

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) caiu 9,4 pontos em março de 2020 para 82,6 pontos, menor nível desde junho de 2016 (82,2 pontos). Apesar da queda, o resultado trimestral é 1,0 ponto superior ao trimestre anterior.

O resultado de março mostrou os primeiros efeitos da pandemia de coronavírus na perspectiva sobre o mercado de trabalho. Segundo a fundação essa foi a segunda maior queda da série histórica, ficando atrás apenas da ocorrida na crise de 2008 e o cenário negativo deve prosseguir nos próximos meses.

E para não deixar a situação sair do controle é preciso avaliar o cenário e suas opções. E para auxiliar as pessoas nesse momento, veja algumas das orientações preparado pelo Reinaldo Domingos:

  1. O que fazer com as dívidas – caso perca o emprego, qual deve ser a primeira ação? Se estiver endividado, por mais que pareça correto querer quitá-las com o dinheiro do fundo de garantia, isso pode ser um erro, pois, se usar muito deste dinheiro, estará sob o risco de ficar sem receitas para cobrir gastos à frente.O mesmo ocorre com quem teve os valores reduzidos, é hora de buscar o credor e buscar reajustar os valores a esta situação. Então, planeje-se melhor em relação a esses valores antes de qualquer medida.
  2. Analise sua realidade: é fundamental que tenha total domínio de seus números nesse momento, portanto, se deve saber o valor que possui guardado e somar com o que será ganho.Também deverá fazer um levantamento de todos os gastos mensais, minuciosamente, desde cafezinho até parcela da casa própria, nada deve passar despercebido. Em caso de dívidas e parcelamentos, esses devem ser também somados.
  3. Congele ferramentas de crédito: cartões de crédito, cheque especial, cartão de lojas e outras ferramentas de crédito fácil devem ser prioritariamente esquecidas de sua vida.Evite mesmo em caso de emergência, pois, caso não consiga pagar esses valores, os juros serão exorbitantes, criando um caminho de difícil volta.
  4. Faça uma faxina financeira: o que realmente é prioridade para a sua vida? Pense muito bem nessa questão, pois chegou a hora de cortar muitos gastos que não agregam à vida.Gastos que devem ser repensados podem ser de TV a cabo e celulares. Lembrando que custos com balada e ida a restaurantes já serão cortados, mas podem aumentar outros como água e energia e outros pequenos gastos. Priorize o que é realmente é fundamental nesse período.
  5. Mude seu padrão de vida: pode parecer difícil, pois já se acostumou com um monte de regalias, mas é hora de reestruturação, e não de manter a pose. Nos momentos de dificuldade, a humildade é um diferencial.Então, o primeiro passo para mudar sua realidade é aceitar que seu padrão de vida mudou, e não viver de aparências.
  6. Negocie as dívidas: ainda falando de humildade, chegou a hora de buscar os credores e ser o mais franco possível, mostrar que não quer se tornar inadimplente, mas que também não possui condições de pagamento, por causa da situação, buscando assim diminuir os juros e esticar os débitos. Lembrando sempre de priorizar dívidas com juros mais altos e com bens de valor como garantia.
  7. Fuja dos exploradores: infelizmente, por mais que seu momento seja de desespero, existem pessoas mal-intencionadas prontas para se aproveitarem dos seus temores. Não permita abusos; muitos tentarão tirar proveito de sua fraqueza para tentar obter vantagens. Evite promessas e garantias descabidas. Às vezes, é melhor estar com o nome sujo do que ser explorado pelas pessoas.
  8. Levanta e sacode a poeira: agora é hora de buscar o mais rápido possível a mudança de vida, buscar alternativas, hora de capacitar. Use seu tempo livre, amplie seu network (online é claro), se posicione como alguém que está aproveitando essa oportunidade para crescer está à espera de chances.Lembre-se de que as oportunidades geralmente aparecem para quem está atrás delas. Esqueça o desânimo, levante a cabeça e olhe para o futuro e não se esqueça de sonhar.