"A gente já sabe que ele matou, mas eu preciso do corpo", diz mãe de jovem desaparecida
Familiares de Maria Elena de Jesus, de 22 anos, que desapareceu após ir a uma festa na casa do namorado, conversaram com a RIC Record TV nesta terça-feira (2). Durante a manhã, o delegado responsável pela investigação declarou que a jovem provavelmente foi assassinada.
Emocionada, a mãe da jovem declarou que o mínimo que a família espera é poder dar um sepultamento digno para ela.
“Eles tem que me dar conta da menina. A demora para achar dói porque a gente já sabe que ele matou, mas eu preciso do corpo para fazer o enterro. É o mínimo que a gente espera: entregar o corpo para eu poder fazer um enterro e daí a Justiça faz o resto”, desabafou Claudete de Jesus.
Durante a entrevista, Claudete contou que o filho de Maria Elena, um menino de 4 anos, todos os dias pergunta e chora pela mãe.
“Chega a noite, ele quer a mãe. Ele manda eu abrir o portão para ela entrar que ele chegou do serviço. Toda noite é desse jeito. Quer ir dormir com a mãe. De dia ele passa brincando e se distrai, mas chegou a hora de dormir, ele acha que a mãe vai chegar”, relatou a avó.
O irmão de Maria Elena também falou sobre a dor que a família vem passando desde o dia 12 de janeiro, quando a jovem saiu e nunca mais voltou.
“Uma criança de 4 anos que chora de noite pedindo pela mãe. A gente está em pedaços, a gente quer agora o corpo pelo menos, se ela não estiver viva, para a gente poder dar um final digno para ela e justiça”, disse Lindomar de Jesus.
A mãe que possivelmente perdeu a filha declarou ainda que não perdoa os envolvidos no crime e ainda culpou a família de Leonardo Simões, de 29 anos, principal suspeito pelo assassinato de Maria Elena, de acobertá-lo.
“Não perdoo e quero justiça. Eu não faço justiça com as minhas próprias mãos porque eu não consigo, mas se dependesse de mim, eu pegava a mãe dele, porque ela deve saber de tudo e nega”, completou Claudete.
O delegado Fábio Machado confirmou que familiares de Leonardo mentiram durante seus depoimentos. Em entrevista, ele explicou que caso eles não relatem o que de fato ocorreu, poderão responder por falso testemunho. Além disso, Leontina Simões, mãe de Leonardo, e outros dois familiares teriam tentado limpar a cena do crime.
“Até então vieram aqui e apresentaram uma versão ilusória, uma versão que a polícia não acreditou. Caso essa versão persista, eles serão sim indiciados por falso testemunho e fraude processual. Já que por vezes tentaram ir à residência para limpar a residência e foram impedidos pela nossa equipe policial”, declarou o delegado.
Inicialmente, acreditou-se que Ricardo era um ex-namorado da vítima, mas o irmão de Maria Elena explicou que a família desconhecia qualquer tipo de relacionamento entre os dois e que, provavelmente, era algo recente.
“Nós da família, a gente não tinha ciência que os dois estavam juntos. Tudo leva a crer que a relação dos dois era de semanas, certo. E conhecendo a fama da família dele, que não é boa, se a gente soubesse que a minha irmã estava envolvida com ele, a gente não teria deixado”, disse Lindomar.
Assista à entrevista completa:
Entenda o caso
Maria Elena sumiu depois que foi até a casa do namorado para participar de uma festa na noite de 12 de janeiro. Testemunhas confirmaram que ela estava no local e que o casal brigou depois que a jovem se despediu de uma amiga com um beijo na boca, o chamado selinho.
“É o que a gente está sabendo, que as pessoas que estavam lá comentam, que ele já brigou com ela ali porque ela deu um selinho em uma amiga, na hora em que a guria estava saindo. Os amigos dele começaram a tirar sarro dele e ali já começaram a brigar”, explicou Claudete.
De acordo com a investigação, ela teria sido morta pelo companheiro. Outros três homens teriam participado do crime: dois deles que estavam na residência no momento do assassinato e o irmão de Leonardo, que pode ter ajudado a esconder o corpo da vítima.
Câmeras de segurança registraram Maria Elena chegando para a festa, no entanto, ela nunca apareceu saindo da residência. Um veículo que esteve no local na madrugada de 14 de janeiro pode estar ligado a ocultação de cadáver. A investigação aponta que o carro era conduzido por Ricardo e que o corpo da vítima estava dentro do porta-malas.
Ainda segundo o delegado, a Polícia Civil espera apenas o resultado da perícia no veículo para indiciar os suspeitos. Machado explicou que mesmo sem o corpo de Maria Elena, os envolvidos irão responder pelo crime.
“A gente viu que o caso do goleiro Bruno, da Elisa Samudio, também não houve corpo, mas todos os indícios apontam sim para que eles tenham matado essa mulher. Nesse caso é semelhante. A gente não espera que ele confesse porque não precisa, nós já temos elementos suficientes para fechar o caso indicando todos os indivíduos”, completou Machado.
Os irmãos Leonardo e Ricardo sumiram entres os dias 13 e 15 de janeiro.