Marido de grávida morta em acidente desabafa e pede justiça para causador de colisão

por Luciano Balarotti
Com informações de Tiago Silva, da RICtv
Publicado em 22 abr 2022, às 15h47.

“Destruiu uma família”. A frase resume o sentimento de Carlos Daniel Kalichak, que perdeu a esposa Manuela Queiroz Vicenti, que estava grávida de 6 meses, em um acidente de trânsito ocorrido no bairro Boqueirão, em Curitiba, na noite do último domingo (17). Manuela, que ficou gravemente ferida e perdeu o bebê na colisão, não resistiu as inúmeras lesões e morreu na quinta-feira (21).

O marido da vítima contou à equipe da RICtv como foram os últimos momentos dele ao lado da esposa, logo após o acidente, provocado por um motorista que estaria embriagado e avançou uma preferencial.

“Com a pancada eu desacordei. Quando o carro parou eu acordei e ela já não tava mais dentro do carro. Aquela hora foi o maior desespero pra mim. Eu saí de dentro do carro já automaticamente procurando ela. Ela estava no chão, ela estava consciente, eu consegui falar com ela. Eu perguntei pra ela onde tava doendo, se tava doendo alguma coisa. Ela falou que estava doendo muito a barriga. ela tava preocupada com o bebê. Eu falei pra ela que ia ficar tudo bem, dei um beijo nela. Chegamos lá no Hospital do Trabalhador e eu via ela passando, com os médicos, na maca, mas aí, depois da primeira cirurgia, eu não vi mais ela”, relembrou Daniel

Ele contou ainda que sua esposa teve vários ferimentos, mas que demonstrava preocupação mesmo era com o bebê que o casal aguardava com grande expectativa.

“No momento o que passa na minha cabeça é perder a minha esposa e meu filho. Meu Deus do céu, não tenho nem explicações para falar. Ela era sensacional, o sonho dela era ser mãe e fazer o parto normal. O bebê se chamaria Lorenzo, era muito esperado, o quarto dele já está todo pronto, roupa, berço, tava só esperando a chegada. Destruiu uma família”,

desabafa

Além da dor pelas perdas, Carlos convive agora com a sensação de impunidade já que o causador do acidente foi liberado da prisão. De acordo com a decisão judicial, como o condutor do veículo envolvido na batida foi ouvido por um escrivão, e não por um delegado, a prisão seria ilegal.

“O cheiro da boca dele, que ele chegou perto de mim, era um cheiro muito forte de álcool. Os policiais mesmo tentaram dar voz de prisão nele porque ele foi pego em flagrante, os policiais deram voz de prisão, ele resistiu, quatro policiais tiveram que deter ele para colocar ele no camburão. O que mais me dói também é ele estar solto. Ele tirava sarro, ele falava que não ia dar nada, com certeza vai ser feito a justiça e ele vai voltar para a prisão. Isso aí é imperdoável, é imperdoável”, complementa.

Outras testemunhas que estiveram no local do acidente logo após a colisão também afirmam que o motorista que bateu no carro de Carlos e Manuela apresentava sinais de embriaguez.

“Estava alcoolizado ou sob efeito de outra substância. Uma pessoa normal que estivesse causando isso não estaria do jeito que ele tava caçoando, e dando a impressão que não daria nada, uma sensação de impunidade. E aí a gente acabou repreendendo ele, ficamos revoltados com a situação, a polícia acabou algemando ele, ele fez enfrentamento ali com a polícia, resistindo à prisão. Tiveram que ir três policiais em cima dele para imobilizar ele e colocar dentro do camburão, pra própria segurança dele e das pessoas que estavam aqui”, Jeferson Rodrigues, que testemunhou o atendimento à Manuela e a detenção do motorista.

O sogro da vítima também desabafou sobre o comportamento do condutor do outro veículo após o acidente.

“Chegando no local aqui o cidadão já veio e botou a mão no meu ombro e disse que isso não ia dar nada, que ele já tinha sofrido um acidente, que a esposa dele até estava grávida, e não tinha dado nada. Isso me dói muito, é revoltante sabe. E o rapaz já apresentava os olhos vermelhos, odor de bebida alcoólica, ele negava, (falava) que não tinha bebido, mas o pessoal daqui tava revoltado”, resumiu Cristiano Rogério, pai de Daniel.