Motociclistas estão em seis de cada dez acidentes com vítimas em Curitiba

por Luciano Balarotti
Com informações de Lucian Pichetti, da RICtv
Publicado em 20 abr 2022, às 15h14.

O aumento da utilização dos aplicativos de entrega durante a pandemia da Covid-19 é um dos principais fatores que contribui para um número alarmante. De acordo com os registros do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), apesar de representarem apenas 11% da frota de veículos da capital, as motocicletas estiveram envolvidas em 65% dos acidentes com vítimas no ano passado. E das 47 vítimas fatais de 2021, 30 eram motociclistas.

As tragédias envolvendo colegas de profissão fazem parte da rotina de Cristian Pereira de Almeida, motoboy há 20 anos. Ele conta que já perdeu muitos amigos para o trânsito.

“Já vi muita gente perder a vida. Às vezes, quando não perde a vida, perde uma perna, um braço, deixa de poder se locomover. Então fica complicado, é bem difícil o trânsito no dia a dia”,

destaca o entregador

Ele acredita que, além da pressa dos motoboys para fazer as entregas, a falta de atenção dos motoristas é uma das principais causas dos acidentes, em que quase sempre o motociclista leva a pior.

“Com a pressa do dia a dia, ele (o motorista) quer usar o carro como uma ferramenta, um escritório, e muitas vezes você vê o pessoal no trânsito mexendo no celular. Então toma cuidado porque é uma vida que está do seu lado ali e você pode tirar a vida de um pai de família”, complementa.

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E foi por causa de uma imprudência de um motorista que a vida de Wudson Maike Nascimento mudou completamente em questão de segundos. O motoboy teve a perna arrancada por um motorista embriagado, que fugiu sem prestar socorro e foi preso na sequência.

“É outra vida, tomar banho sentado, qualquer coisa ter que pedir ajuda. Sei lá, só quero ver se eu arrumo minha perna logo, tentar voltar á rotina normal agora sem a minha moto. Minha moto era o meu meio de ganhar dinheiro para poder sustentar minha mulher. Tá sendo complicado, mas nós vamos levando”,

conta Wudson

Vendas crescentes

O aumento do preço dos combustíveis e da tarifa de ônibus fez crescer a venda de motos no Paraná em março. O aumento foi de 35%, na comparação com fevereiro. Números que deixam as autoridades do trânsito em alerta, já que com mais motos circulando os riscos delas se envolverem em acidentes também aumentam.

“No início da pandemia houve aumento do número de entregadores. As pessoas começaram a pedir mais comida em casa. Também tem o aumento do valor dos veículos, aumento da gasolina. E infelizmente tem o fator da imprudência de alguns motociclistas, que às vezes pra fazer uma entrega rápida, cruzam o sinal vermelho, cruzam a preferencial e acabam se envolvendo em algum acidente”, destaca o tenente Fagundes, do BPTran.

Ele também ressalta também que a imprudência muitas vezes vêm dos motoristas de carro, que deixam de obedecer as leis de trânsito. E afirma que o respeito às regras de circulação é o principal ponto a ser seguido para evitar acidentes.

“Respeitar as leis de trânsito, parar no sinaleiro, respeitar a preferencial, dar seta para qualquer movimentação. Muitas vezes os veículos acertam os motociclistas por não darem a seta ao fazer algum movimento. O motociclista está ali do lado e não vê que o carro quer entrar e acaba acertando ele”, complementa o tenente.

Ele alerta também para o cuidado redobrado que motociclistas e motoristas devem ter não apenas nos cruzamentos e nas conversões, mas também na utilização dos corredores entre os veículos.

“Com os veículos em movimento o ideal é o motociclista não utilizar o corredor porque ele não mantém uma distância de segurança entre os veículos, e algum veículo pode fazer uma manobra e acertar o motociclista porque ele está no ponto cego. Já quando o trânsito está parado, até atualmente têm as áreas de escape para o motociclista, ele passa entre os veículos, todos parados, com segurança, e para na frente do sinal, para depois sair na frente dos veículos”, recomenda o tenente.

E para evitar acidentes, vale um conselho de um profissional que tem muita experiência no trânsito: não deixar que a pressa atrapalhe a condução segura.

“O pessoal, na ânsia de chegar antes, acaba nem sequer chegando”

resume o motoboy Cristian.