Poucas horas após começar, o julgamento de Luis Felipe Manvailer, acusado de matar a esposa, a advogada Tatiane Spitzner, foi cancelado no Fórum de Guarapuava. A situação aconteceu por volta do meio-dia desta quarta-feira (10). Os advogados de defesa do réu, que vai a júri popular, abandonaram o plenário. 

De acordo com informações da equipe de reportagem da RIC Record TV, a defesa de Manvailer solicitou imagens que estavam no HD de provas, mas que não haviam sido previamente selecionadas. O juiz não autorizou que os advogados procurassem as imagens durante a sessão e, após uma intervenção do Ministério Público do Paraná, a defesa do réu decidiu abandonar o julgamento. 

Pela ação, os advogados podem ser multados em 100 salários mínimos. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também vai avaliar a situação. Agora, uma nova data deve ser definida para a realização do julgamento. 

Relembre o caso 

Manvailer está sendo acusado de feminicídio e fraude processual, suspeito de ter matado a esposa, Tatiane Spitzner, no dia 22 de julho de 2018, no apartamento onde o casal morava, em Guarapuava. 

Câmeras de segurança do prédio flagraram Manvailer discutindo e com ações violentas, levando Tatiane para o apartamento. Depois, o corpo da jovem aparece caindo da sacada do quarto andar do edifício. A seguir, o acusado é registrado indo até a calçada, arrastando o corpo da vítima até o elevador e mais tarde, com outra roupa, limpando as manchas de sangue das áreas comuns. 

O corpo de Tatiane foi encontrado no apartamento do casal e o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a causa da morte foi asfixia mecânica. Manvailer sustenta a a versão de que a esposa teria cometido suicídio.

Atualização

Após deixar o Fórum, a defesa de Manvailer divulgou uma nota falando sobre a decisão. Confira na íntegra:

A defesa de Luis Felipe Manvailer foi surpreendida com a proibição da utilização de imagens das câmeras de monitoramento do Edifício Golden Garden. Tais imagens já faziam parte do processo desde 2018, inclusive a acusação já havia veiculado vazamentos seletivos de trechos pinçados de tais imagens. A exibição do contexto inteiro de tudo o que aconteceu, antes, durante e depois é de fundamental importância para o restabelecimento da verdade.
É a nota.
Cláudio Dalledone Júnior
Adriano Bretas

O representante da família Spitzner também se manifestou sobre a situação. Para o advogado Gustavo Scandelari, assistente da acusação do caso, o abandono do julgamento se trata de uma “manobra da defesa do réu”, uma vez que, segundo ele, em novembro, o juiz já havia orientado a defesa, para que o material em questão fosse anexado ao processo.

Scandelari pontua ainda que a “postura é lamentável, pois gera prejuízo aos cofres públicos, com toda a movimentação dos servidores, jurados, testemunhas e todos os envolvidos”.

Por fim, ele ressalta que mesmo com a necessidade de uma nova data para o julgamento, assim com o sorteio de novos jurados, a “família segue confiante na sentença condenatória”.