“Escutamos os gritos de uma mãe”, moradores revelam pânico e ajudam bebê em chacina no Portão
Os moradores do bairro Portão em Curitiba, vizinhos do local onde aconteceu uma chacina na noite desta segunda-feira (7), revelaram como foram os momentos desesperadores após os tiros. Uma enfermeira, que estava em casa com a família, contou que ouviu gritos de socorro das vítimas e logo foi até a rua Pinheiro Guimarães para prestar ajuda.
“A gente estava na sala de casa, assistindo televisão, e começou a ouvir os tiros. A princípio ficamos em dúvida até se era fogos. Aí escutamos os gritos de uma mãe pedindo ajuda, daí meu marido saiu aqui fora e ela estava com o filho nos braços. Ela colocou a criança no chão e meu marido começou a monitorar os batimentos, e a gente começou a chamar Siate, Samu, Polícia, porque vimos que tinham outras crianças baleadas no carro”,
contou Juliana Czarnobay.
A mulher que pedia ajuda era ocupante do veículo e havia sido baleada. Mesmo assim, ela conseguiu sair do veículo, abriu a porta de trás do automóvel e resgatou uma criança.
“A mãe não falou nada, ela só pedia ajuda, perguntava se o filho estava vivo, mas ela não comentou nada, não falava nada do que tinha acontecido”,
reforçou Juliana.
Com as vítimas em desespero, um policial que recebeu uma criança de colo e pediu ajuda para acalmar o bebê. “Um bebê de colo foi me entregue assim que eu cheguei na ocorrência”, disse o tenente Tozetti.
“Deixei minha filha e meu filho dentro de casa, o policial pediu ajuda com o bebê que não parava de chorar, se alguma mãe podia ficar com ele no colo. Daí ficamos com a criança até o Conselho Tutelar chegar”,
detalhou Juliana, que cuidou e acalmou a criança.
Outros moradores da região também relataram o susto da noite desta segunda-feira (7). A vendedora Patrícia de Fátima contou o medo que sentiu ao ouvir os disparos.
“Eu tinha acabado de chegar do trabalho e escutei os tiros. Logo nos abaixamos no chão. É uma coisa que nunca aconteceu, é a primeira vez que vejo nesta região, moro aqui há anos. Aqui é um lugar tranquilo”,
declarou Patrícia.
Durante o atentado no bairro Portão quatro pessoas morreram, sendo duas crianças. Um carro foi encontrado incendiado poucos minutos após o crime e pode ser o mesmo utilizado pelos atiradores.
A Polícia Civil investiga o caso e deve colher depoimentos com os sobreviventes. Ainda não é possível afirmar a causa. As vítimas seriam moradores de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba.
Atualização
Na manhã de terça-feira (8), as autoridades confirmaram que todos os sete ocupantes do veículo Fiat Palio foram baleados, inclusive o bebê de aproximadamente seis meses. Um casal e duas crianças morreram no atentado e as outras três vítimas foram encaminhadas para atendimento. O casal de adultos que sobreviveu foi levado ao Hospital do Trabalhador e a criança ao Hospital Evangélico. O crime foi registrado por câmeras de segurança.
Confira identificação das vítimas:
- Bruna Bispo Dias, 20 anos – morreu no local da chacina
- Anderson Olimpio Bueno Miranda, 28 anos – morreu no local da chacina
- Cristopher Augusto Vaz, 7 anos – morreu no local da chacina
- Guilherme Bispo, 2 anos – morreu no Hospital do Trabalhador
- Ivan Ribeiro Toginsk, 21 anos – baleado, mas sobreviveu
- Chaiane Kania Vaz, 29 anos – baleada, mas sobreviveu
- Bebê, aproximadamente 6 meses (não identificado) – baleado, mas sobreviveu