Irmão de passageiro morto ao defender casal homoafetivo lamenta: “Morreu herói”

Oziel Branques dos Santos estava em um ônibus de Curitiba quando presenciou um casal de jovens sofrendo ataques homofóbicos; homem tentou defendê-los, mas acabou morto

Publicado em 18 jun 2024, às 08h03. Atualizado às 08h06.
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O passageiro do transporte público de Curitiba, que foi morto ao tentar defender um casal homoafetivo que sofria ataques, foi identificado como Oziel Branques dos Santos. O autônomo estava em um veículo da linha Santa Cândida/ Capão Raso, na noite deste domingo (17), próximo a região central de Curitiba, quando presenciou ameaças homofóbicas e resolveu defender as vítimas

Passageiro morto após defender vítimas de ataque homofóbico em ônibus
Passageiro morto após defender vítimas de ataque homofóbico em ônibus (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Oziel foi até o suspeito de ameaçar e agredir os jovens, porém, o indivíduo sacou uma faca e desferiu pelo menos 10 facadas no passageiro. Os autores, que seriam tio e sobrinho, fugiram em direção ao Passeio Público, entretanto, foram localizados pela Polícia Militar do Paraná (PMPR) e detidos.

O velório de Oziel será realizado nesta terça-feira (18) na Igreja Evangélica Assembleia de Deus, no Rio Bonito. O enterro está marcado para às 15h, no Cemitério Santa Cândida, em Curitiba.

Irmão e Grupo Dignidade prestam homenagem para passageiro assassinado

A morte de Oziel causou comoção entre amigos e familiares do autônomo. O irmão do trabalhador, prestou homenagem nas redes sociais e chamou Oziel de herói. “Descansa em paz Maninho. Você morreu como um herói”.

O Grupo Dignidade, que luta pela cidadania e defende os direitos da comunidade LGBTI+, publicou uma nota de pesar e também tratou a vítima como herói. Confira na íntegra:

“Expressamos nossa profunda tristeza e consternação pelo trágico acontecimento ocorrido na noite deste domingo (16), dentro de um ônibus da linha Santa Cândida/Capão Raso, em Curitiba. Oziel Branques dos Santos, de 42 anos, perdeu a vida de maneira brutal ao tentar defender duas pessoas LGBTI+ que estavam sendo vítimas de agressões e ameaças.
Oferecemos nossas mais sinceras condolências à família e aos amigos do homem que, em um gesto de extrema bravura, se levantou contra a injustiça e a intolerância. Sua empatia não será esquecida e deve servir como um poderoso lembrete da necessidade de combatermos o ódio e a violência em todas as suas formas.
É imprescindível nos questionarmos quem “afiou a faca”; qual a autoria intelectual dos crimes cometidos. Esta situação que está sendo imposta à nossa sociedade e adoecendo os indivíduos precisa ser interrompida imediatamente. Não podemos permanecer apróticos às inúmeras formas de violência que estamos sofrendo. Precisamos nos mobilizar!
Exaltamos a coragem de Oziel para que casos como este não se repitam! Como disse Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. É essencial que nos levantemos diante de crimes com motivação LGBTIfóbica e estudemos as estruturas que possibilitam essas agressões para que seja possível transformar essa realidade cruel.
Lamentamos profundamente que uma atitude tão nobre tenha encontrado um fim tão trágico.
Também nos solidarizamos com Camila Dias Marçal e Jean Carlos de Oliveira, que foram vítimas desse ato de violência. É inaceitável que em nossa sociedade ainda ocorram ataques motivados pelo preconceito e pela intolerância.
Agradecemos à Polícia Militar do Paraná (PMPR) pelo rápido atendimento e pela detenção dos suspeitos, esperando que o justiça seja feita e que esse trágico assassinato leve a uma reflexão e ações concretas para tornar nossos espaços públicos mais seguros e inclusivos.
O Grupo Dignidade se compromete a acompanhar o caso de perto para garantir que todas as providências legais cabíveis sejam tomadas e que os autores sejam devidamente responsabilizados. Além disso, nos colocamos à disposição para a realização de atendimento psicológico e social tanto para os afetados diretamente pela LEBTIfobia,
Camila Dias Marçal e Jean Carlos de Oliveira, como para os familiares de Oziel Branques dos Santos.
Que possamos, coletivamente, trabalhar para construir uma sociedade onde atos de heroísmo como o deste homem não sejam necessários e onde todos possam viver sem medo de serem quem são”.

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