Mulher trans fica com bala alojada no rosto após tiro dado por pai de mototaxista

por Jonathas Bertaze
com supervisão de Giselle Ulbrich
Publicado em 25 nov 2022, às 21h23.

Uma mulher transexual levou um tiro no rosto e está com a bala alojada no maxilar desde segunda-feira (21), quando o caso aconteceu em Niterói, no Rio de Janeiro. Conforme o boletim de ocorrência registrado pela vítima, Nycolle Dellveck, de 25 anos, ela alega ter sofrido tentativa de homicídio e foi atacada por transfobia e intolerância religiosa.

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Conforme a irmã da vítima, Giselly Pinto de Sá, de 23 anos, o crime teria se iniciado no sábado (19), na praça São João, no centro da cidade. Um mototaxista teria se recusado a atender Nycolle e uma amiga, também transexual.

“Ele disse que ‘não levaria viado’ em sua garupa”, relata a irmã.

Na segunda-feira (21), a vítima que relatou ser candomblé e fumante, foi abordada pelo pai do criminoso.

“Ele veio pra mim e perguntou: ‘Ah, você gosta de fazer macumba? Você está bem protegida?’ Eu falei que graças a Deus e aos meus orixás eu estou protegida. Ele deu a volta, foi lá no ponto do mototáxi, botou o filho dele pra pilotar a moto e ele veio na garupa. Nessa que levantei a cabeça, tomei um tiro”, diz Nycolle.

Após isso, a vítima fugiu para escapar do segundo disparo. Com os gritos dos vizinhos, os dois escaparam do local de moto.

Nycolle ficou internada no Hospital Estadual Azevedo Lima e recebeu alta na quarta-feira (23). Ela ainda não retirou a bala do maxilar. “O médico disse que não precisa de cirurgia”, disse a irmã.

Conforme ela, o atirador enviou mensagens dizendo que não tinha medo da prisão e que desejava terminar o que iniciou.

Em nota, a Polícia Civil do Rio de Janeiro descreveu que a ocorrência foi registrada na 78ª DP (Fonseca) como tentativa de homicídio provocado por projétil de arma de fogo e está sendo encaminhada para a 76ª DP (Niterói), unidade onde aconteceu o crime. Neste distrito, o processo seguirá em investigação.

De acordo com a irmã, Nycolle já foi agredida por preconceito em outra situação. “Um carro parou quando ela estava perto da favela em que a gente morava. Uns três ou quatro caras botaram ela pra dentro do carro e machucaram ela. Cortaram o cabelo dela e depois a largaram pela BR”, relatou.

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