Briga em cadeia pública termina com morte de preso; polícia suspeita de tortura

por Mariana Gomes
Com informações do repórter Ricardo Vilches e supervisão de Carol Nery
Publicado em 11 abr 2024, às 19h31.

Uma suposta tortura seguida de morte dentro da Cadeia Pública de Curitiba está sendo investigada pela Polícia Civil do Paraná (PCPR). Rodrigo Gaspar foi detido, após denúncia da esposa, por supostas ameaças sofridas por ela e pelos filhos. O homem teve a prisão revogada horas depois e morreu três dias depois da prisão, conforme reportagem do Balanço Geral (BG) veiculada nesta quinta-feira (11).

Rodrigo foi detido em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, após a esposa dele acionar a Polícia Militar (PM). Segundo a mulher, ela e os filhos estariam sendo ameaçados por Rodrigo, enquadrando o caso na Lei Maria da Penha. De acordo com a família, Gaspar começou a usar cocaína em novembro de 2023 e, desde então, havia começado a agir de forma estranha.

Horas depois, entretanto, um documento do Juizado de Violência Doméstica solicitou a soltura do homem, concedendo medidas protetivas de urgência por um ano à esposa de Rodrigo. Além disso, o documento também solicitou que a Secretaria de Saúde atendesse o detido, para avaliar sua condição psiquiátrica. 

Suposta tortura investigada pela polícia

Um documento expedido por psicólogos do Centro Penal de Curitiba exibiram fotos de Rodrigo, ainda vivo, levado ao Complexo Médico Penal com as pernas algemadas. As pernas do homem indicavam ferimentos feitos com arma de choque e o rosto estava cortado de um olho ao outro, conforme apuração da reportagem. Além disso, o tronco e pernas do detido mostravam marcas de tiros feitos com balas não letais. 

De acordo com o delegado Vytor Grotti, a PCPR abriu um inquérito policial para investigar tortura seguida de morte e analisar a causa da morte de Gaspar, ainda indefinida. Ele aguarda laudo minucioso do Instituto Médico Legal (IML), com resultado da causa da morte. “Que foi feito o uso da força em algum momento durante a permanência do Rodrigo na Cadeia Pública de Curitiba, isso é incontestável”, afirmou o delegado. “Agora a gente vai verificar, por meio do inquérito policial, se o uso da força foi responsável pela morte de Rodrigo”. 

Ainda nesta semana, a Divisão de Homicídios começou a ouvir policiais penais, monitores de empresa terceirizada e outras pessoas que estiveram com Gaspar durante sua prisão. O delegado Vytor Grotti afirma que a PCPR já ouviu mais de dez pessoas, mas que o inquérito da polícia que investiga a tortura está em sigilo.

A esposa de Rodrigo Gaspar não quis dar declarações à reportagem do BG.

Nota oficial do Deppen

Diante dos fatos, a reportagem entrou em contato com o Departamento de Polícia Penal (Deppen). Por meio de nota oficial, a unidade informou:

“A Polícia Penal do Paraná informa que, no dia 8 de março, na Cadeia Pública de Curitiba, Rodrigo entrou em vias de fato com os demais companheiros de cela. Imediatamente, os servidores de plantão intervieram para retirá-lo do local. E, no momento do procedimento, o preso então investiu contra a equipe, sendo necessária a intervenção física do mesmo”.

O Deppen também afirmou que Rodrigo foi levado pelo Samu, para atendimento médico.

Quer receber notícias no seu celular? Então entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui

Mostrar próximo post
Carregando