Brigas entre traficantes provocam onda de execuções na Grande Curitiba
Na rua ou dentro de casa, o que se pode ter certeza é de que acerto de contas não tem local, nem hora pra acontecer. Na mira dos criminosos estão vítimas que não percebem que estão sendo perseguidas e dificilmente conseguem escapar. Em muitos casos, as execuções ocorrem em locais públicos da Grande Curitiba e com intensa movimentação de pessoas. (Veja reportagem abaixo)
Desde o início de janeiro até agora, já foram registrados 28 assassinatos violentos com perfil de execução em Curitiba e região metropolitana. Além de inúmeros disparos de arma de fogo, que em alguns casos chegam a até 100 tiros, esse tipo de crime tem outras similaridades: o atirador geralmente não está sozinho e eles chegam de carro.
Em um dos casos, ocorrido na Cidade Industrial da capital (CIC), na última semana, um homem foi morto com mais de 40 tiros quando chegava em casa. Sua esposa e seu cachorro de estimação, que estavam junto, também foram feridos. O animal também morreu.
“A polícia está bem atenta a isso sim. Nós notamos agora em janeiro um número elevado de execuções. São vários autores, que chegam, provavelmente, em um veículo e efetuam vários disparos. A gente vê 10, 15, 20, até mais disparos contra essas vítimas. Essas execuções, a princípio, são motivadas por organizações criminosas disputando o comando do tráfico de drogas em alguns bairros”,
explica a delegada Camila Ceconello, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Em Campo Largo, a disputa entre traficantes fez pelo menos quatro vítimas neste ano. As mortes aconteceram no Jardim Meliane. Em um dos casos, tio e sobrinho foram executados na própria casa. Vizinhos ouviram mais de 100 tiros e o local ficou crivado de balas.
Em Fazenda Rio Grande, um homem de 25 anos foi surpreendido no quintal da própria casa no bairro Nações. Ele foi alvo de aproximadamente 10 disparos no momento em que fumava na área externa de casa. A suspeita é de que os atiradores armaram uma emboscada.
Em Araucária, um triplo homicídio foi registrado no dia 15 de janeiro no bairro Capela Velha. Dois homens e uma mulher foram executados dentro de um veículo numa rua com várias casas e comércios próximos.
Em São José dos Pinhais um homem de 29 anos foi executado com mais de 60 tiros no portão de casa no bairro Borda do Campo. Quatro atiradores, todos com pistola nove milímetros, estavam em pelo menos dois carros.
Em Almirante Tamandaré uma família que não tem relação com o crime foi vítima de criminosos no Jardim Bonfim. Eles invadiram a residência onde os moradores faziam uma Live, agrediram, fizeram tortura psicologica e são não executaram todos porque acabaram percebendo que haviam entrado na casa errada. Mesmo assim, após deixarem o local, efetuaram diversos disparos contra outra casa, uma criança de cinco anos foi baleada e foi socorrida em estado grave.
“Eles estavam todos de colete, botina e balaclava. Precisou tirar um pedacinho do intestino grosso dela, que tinha mais de nove, dez chumbos na barriguinha dela”,
contou chorando uma das vítimas.
Se de um lado o acerto continua, de outro a polícia segue tentando parar as mortes e conta com a ajuda da população para esclarecer porque e quais grupos criminosos estão por trás das mortes.
“A gente sabe que as pessoas têm medo de denunciar esse tipo de organização criminosa, têm medo, ainda mais pessoas que vivem perto do ambiente de tráfico em seus bairros. Para isso nós temos os canais de denúncia anônima e eu digo que muita coisa a gente soluciona com a denúncia anônima. Então a gente pede para a população confiar no nosso trabalho, estamos fazendo de tudo para conseguir dar uma resposta, prender esses homicidas, esses traficantes. A gente pede que denuncia no 197, que é o canal geral da Polícia Civil, ou no 0800 643 1121, que é o disque-denúncia aqui da Divisão de Homicídios”,
completa Ceconello.