Calouros da UFPR são queimados com creolina durante trote no Oeste do PR

Publicado em 31 mar 2022, às 10h05. Atualizado às 12h00.

Cerca de 20 calouros da UFPR (Universidade Federal do Paraná), com sede em Palotina, no Oeste do Paraná, sofreram queimaduras químicas durante um trote realizado na tarde de quarta-feira (30). Todos foram levados ao hospital municipal da cidade.

Segundo consta no Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, os alunos do curso de Medicina Veterinária, foram queimados com creolina, um desinfetante e germicida, com comprovada ação bactericida e fungicida, de uso veterinário.

As informações são que os estudantes estavam realizando um “pedágio” para pedir dinheiro, em um semáforo, no Centro da cidade, quando foram “banhados” com creolina. O contato do desinfetante com a pele, causou várias queimaduras pelo corpo.

Aos militares, os calouros informaram que não tinham o nome das pessoas envolvidas, mas que visualmente conseguiriam realizar a identificação

Segundo delegado, Pedro Lucena, os envolvidos mandaram as vítimas ficarem de joelhos no chão, fecharem os olhos e então jogaram o produto nos alunos. Para o Lucena, é possível que alguma outra substância, foi mistura com a creolina.

“Alguns alunos saíram fora, mas alguns ficaram. Aqueles que não toparam, foram motivos de gozação entre os veteranos, foi uma situação imposta. A embalagem que foi apreendida é de creolina, mas eu não tenho dúvida que foi adicionado algum produto para lesionar as vítimas. Um exame no IML ( Instituto Médico Legal) vai identificar isso, já que tivemos pelo menos um dos alunos que sofreu queimaduras de 3° grau.”

Pedro Lucena- delegado de Polícia Civil

Um inquérito policial foi aberto para identificar todas as vítimas e os autores do fato. Segundo o delegado, os envolvidos serão indiciados por tortura e lesão corporal de natureza grave.

“Nos vamos indiciar por tortura e ação cruel. Muitos sabiam que aquele produto podia causar lesões corporais e com certeza os indivíduos estavam sob efeito efeito de substancia entorpecente, porque ninguem em sã consciência iria lançar isso em pessoas.”

Pedro Lucena -delegado de Polícia Civil

A equipe de jornalismo do Grupo RIC entrou em contato com a universidade, que por meio de nota se pronunciou sobre o ocorrido. Segundo o reitor, Marcelo Fonseca, a universidade está indignada com a situação e não tolera nenhum tipo de violência, além disso ele afirmou que medidas rigorosas serão aplicadas, veja a nota na íntegra.

A Universidade Federal do Paraná adota a posição institucional do trote sem violência, na conscientização dos alunos de que a recepção aos calouros deve ser um momento de alegria e integração com os veteranos. A UFPR não tolera nenhum tipo de violência e o episódio infeliz envolvendo calouros em Palotina é um caso isolado. A direção do Setor Palotina já abriu o processo de apuração de responsabilidade sobre esta ação de trote violento que resultou em queimaduras nos calouros.

O Reitor Ricardo Marcelo Fonseca enfatiza: ‘em primeiro lugar me solidarizo com os calouros e suas famílias, que deveriam estar em um momento de comemoração, alegria e não de dor. Porém, ressalto que a UFPR está indignada e que tomaremos rigorosas e imediatas medidas de apuração de responsabilidades, na medida que temos tolerância zero com relação ao trote violento e todas as demais formas de violência física, verbal ou mesmo simbólica’.

O estudante ou membro da comunidade que presenciar qualquer ato violento, discriminatório ou constrangedor com relação à recepção dos calouros pode realizar denúncia pelo telefone 41-984021131 ou por meio dos endereços de e-mail alertatrote@ufpr.br e acolhe.sipad@ufpr.br

Nota da Universidade Federal do Paraná
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