Caso Adrian: vídeo mostra principal suspeito atirando com metralhadora para cima

Além disso, o depoimento de Erick à Polícia Civil se contradiz com o que Cristian contou para a RICtv. Entenda abaixo!

por Jonathas Bertaze
com informações de William Bittar, da RICtv
Publicado em 1 out 2024, às 20h01. Atualizado às 20h03.
POST 16 DE 16

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) investiga Erik Izidoro Rosa, suspeito de ser o “XK”, apontado como um dos envolvidos no sequestro de Adrian da Rocha, de 17 anos. A RICtv Record teve acesso a um vídeo em que o suspeito aparece com uma metralhadora e atira para cima.

Caso Adrian
Momento em que suspeito atira para cima (Foto: reprodução / RICtv)

A arma exibida no vídeo é semelhante à que aparece em imagens anteriores em que Adrian é ameaçado dentro de um carro, quando foi sequestrado. Além disso, a mesma arma teria sido usada em outro vídeo para intimidar um casal, com tiros sendo disparados.

Adrian desapareceu em 16 de agosto, e Erik foi preso preventivamente em 11 de setembro. Em depoimento, Erik negou conhecer Adrian ou ter participado do sequestro. Ele também afirmou que Cristian Plavak, outro suspeito do crime, não estava envolvido. No entanto, durante o interrogatório, Erik afirmou que não mantinha contato com Cristian há meses, mas Cristian disse à equipe da RICtv Record que estava frequentemente com Erik.

Veja o vídeo em que o suspeito atira para cima

Relembre o caso

Segundo o Cidade Alerta Curitiba, da RICtv, no dia do desaparecimento, Adrian informou à mãe que iria à casa de um amigo, mas não retornou. A mãe do jovem mandou mensagem à ele, dizendo: “Te amo, volta pra casa”. No entanto, a resposta chegou em quatro dias depois com apenas duas palavras: “Cárcere privado”.

Em um boletim de ocorrência, a mãe de Adrian relatou que a namorada do jovem recebeu mensagens com visualização única, nas quais ele afirmava ter sido sequestrado por envolvimento com tráfico de drogas. Os vídeos que chegaram à família mostram o adolescente sendo ameaçado com armas de fogo e confessando ter traficado em uma área dominada pelos sequestradores.

“Por que você está sendo cobrado, malandro?”, pergunta um dos suspeitos à Adrian. A vítima responde: “Porque eu entrei para a vila de vocês”. Novamente, o suspeito faz uma pergunta: “E o que você estava fazendo?”. Adrian conclui: “Tava traficando”.

Em outro vídeo, o adolescente chega a citar os apelidos dos supostos sequestradores. Logo em seguida, afirma que será morto.

“Tô aqui com o mano XK e com o mano Abel. Eles são zika, os caras representam, irmão”, diz o jovem. Segundos depois, o suspeito pergunta para Adrian o que vai acontecer e se ele irá morrer, a vítima responde: “Vou morrer, mano”. O vídeo termina com o suspeito agredindo o jovem com uma arma na cabeça.

Em outros registros que chegaram à namorada de Adrian, aparecem dois jovens ajoelhados sendo ameaçados com armas. Em seguida é possível ouvir disparos. Embora não seja possível identificar com certeza se um dos jovens é Adrian, a família teme que ele esteja em perigo.

Em entrevista ao Cidade Alerta Curitiba, uma pessoa próxima à família da vítima relatou que estão em busca de informações sobre o jovem.

“A gente não tem ideia do que está acontecendo. A gente só queria saber se ele está bem, se está vivo. A gente precisa de informações, esclarecer isso, porque está todo mundo desesperado. Muito difícil, para toda a família, os amigos e para quem estava próximo, quem conhece o Adrian, sabe que é um menino bom, tem um coração enorme. Só queremos saber onde o Adrian está”, disse.

A Polícia Civil de São José dos Pinhais informou que está investigando o caso e ouvindo testemunhas e familiares para apurar a origem dos vídeos. No entanto, a família de Adrian pede por agilidade nas investigações.

Mãe soube pela namorada de jovem desaparecido que filho estava com fuzil na cabeça

A mãe de Adrian recebeu uma ligação da namorada do filho dizendo que o jovem estava com um fuzil na cabeça. Em entrevista à RICtv, a mãe relatou que o jovem dizia que estava trabalhando como entregador em um aplicativo de delivery.

O adolescente havia abandonado um trabalho na roça há aproximadamente dois meses. No entanto, a mãe não esperava que o filho estaria supostamente envolvido com tráfico de drogas. A família de Adrian não está na casa onde reside, com medo de que algo possa acontecer com eles.

“Eu não tive coragem de ver (os vídeos de Adrian sendo ameaçado) na hora, vi só na quinta-feira de manhã (seis dias após o sequestro). Entrei em desespero, eu já tomava remédio e tive que aumentar. Uma situação bem complicada, eu não esperava isso do meu filho. Cada dia mais difícil, noites sem dormir, tenho medo que eles (os sequestradores) venham e façam alguma coisa com a nossa família”, lamentou a mãe do jovem.

Além disso, a mulher espera que o filho esteja vivo. “Eu quero descobrir se meu filho está vivo ainda. Eu tenho esperança. Ele entrou na vida errada, ele não merecia, porque era um menino bom. Não dá para desistir, o que eu puder fazer pelo meu filho, eu faço”, disse a mãe.

Namorada desconfiou após Adrian ‘pedir’ fotos obscenas por mensagem

A namorada de Adrian Rocha desconfiou após receber mensagens do jovem pedindo fotos obscenas da moça. Em depoimento, a jovem contou o que recebeu do contato do namorado antes dele desaparecer. A família da vítima reside em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

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O Jovem desapareceu no dia 16 de agosto após sair da casa onde mora, em São José dos Pinhais (Foto: reprodução / RICtv)

Segundo a RICtv, a namorada do Adrian foi a última pessoa a conversar com o jovem antes de desaparecer, que segundo ele, iria sair para fazer algumas entregas de um aplicativo de delivery.

“Eu recebi umas mensagens estranhas. Falou: ‘Tô de boa, vida’. Ele mal me chamava de vida, aí começou a pedir nudes para mim, e ele não fazia essas coisas, eu comecei a estranhar. Eu falei: ‘Como assim?’, aí ele respondeu: ‘Ah, foto pelada, né?’, eu falei: ‘Uai?’, fiquei sem entender. Parou de responder de novo e eu fiquei reclamando, porque era o que eu fazia, achava que ele estava brincando ainda. Aí ele falou: ‘Tô terminando com você, sua vad*@. Depois disso, eu reclamei mais um pouco e meia-noite mandaram um vídeo”m disse a jovem que recebeu registros de Adrian sendo agredido em seguida.

Veja o depoimento da namorada de Adrian:

Caso Adrian: suspeito é preso e confronta repórter

Durante a prisão de Erik Vinicius Izidoro Rosa, o suspeito confronta o repórter da RICtv ao ser perguntado do vídeo em que Adrian aparece sendo sequestrado e se ele já havia matado outra pessoa. Ele nega o crime.

“Se tiver prova, aí você fala alguma coisa, tá ligado? Fica falando coisa que você não sabe”, diz o suspeito.

Em seguida, o jornalista pergunta se o rapaz é o “mano XK”. O suspeito também nega.

“Não, você tem prova do que está falando? Aí no dia do júri esteja lá você também (referindo-se ao repórter da RICtv). Teu trabalho é cuidando da vida dos outros”, finaliza Erik.

Segundo Thiago Mendes, delegado da PCPR, o crime aponta para um possível homicídio. “Aponta sim (que é um homicídio), temos elementos informativos, até o momento, que indicam que os dois estão por trás desse crime”, disse.

Veja o momento em que o suspeito confronta o repórter:

Caso Adrian: foragido diz que não é o “mano Abel” citado em vídeo: “Sou polako”

Conforme a Polícia Civil, Cristian é o “mano Abel”, citado por Adrian em um dos vídeos enviados à família do jovem. O outro suspeito, Erik Vinicius Izidoro Rosa, de 21, foi preso na quarta-feira (11) pela Polícia Civil do Paraná (PCPR), também em São José dos Pinhais.

“Tô aqui com o mano XK e com o mano Abel. Eles são zika, os caras representam, irmão”, diz o jovem no registro. Segundos depois, o suspeito pergunta para Adrian o que vai acontecer e se ele irá morrer, a vítima responde: “Vou morrer, mano”. O vídeo termina com o suspeito agredindo o jovem com uma arma na cabeça.

Cristian alega que não tem participação no crime. Ele afirma que estava com a família na noite do desaparecimento de Adrian.

“Eu não estava no dia, estava em outro local e horário é o mesmo. Pela reportagem que eu vi, parece que o Adrian sumiu por volta das 21h, eu estava abastecendo meu carro, 22 estava esperando o lanche e eu voltei para casa em torno de 22h20 com a minha esposa e meus filhos”, disse o suspeito.

Além disso, Cristian declarou ser conhecido como “Polako” e não “Abel”. Apesar disso, fugiu para outro estado, segundo ele, por medo de ser preso injustamente, enquanto aguarda um habeas corpus.

“Eu não sou o ‘mano Abel’, o meu vulgo sempre foi ser conhecido como ‘Polako’ nunca usei outro vulgo. […] Eu estou preocupado, porque eu não tenho culpa nisso (no desaparecimento de Adrian), eu estou com um mandado de prisão por uma coisa que eu não tenho culpa. Eu pensei comigo: ‘Vou procurar a reportagem (da RICtv), vou dar a minha versão’. Como eu não pude ir na delegacia, porque iam me manter preso, eu achei melhor procurar vocês e falar para dar a minha versão”, contou.

Ao ser questionado sobre a amizade com Erik, Cristian afirmou que a voz do sequestrador parece com a de Erik nos vídeos em que Adrian é ameaçado. Ele também revelou que recebeu uma ligação de Erik, em que afirmou que iria se entregar à polícia. Na ligação, Erik mencionou que também seria morto, pois estava sendo levado para o Paraguai.

Veja a versão de Cristian na reportagem abaixo:

MPPR não denuncia suspeitos por homicídio

O Ministério Público do Paraná (MPPR) decidiu por não denunciar por homicídio os dois suspeitos pelo crime. Erik Vinicius Izidoro Rosa e Cristian de Lima Plavak foram indicados pela Polícia Civil do Paraná (PCPR) pelos crimes de sequestro, cárcere privado, homicídio e ocultação de cadáver. No entanto, o MPPR decidiu denunciar os suspeitos apenas pelos crimes de sequestro e cárcere privado.

“Entendemos que é um erro absurdo que precisa ser reformulado. Os vídeos, demonstram por si só, que ele não sairia vivo dali. Mas há testemunhas que também relatam isso. Vamos entrar com aditamento da denúncia pedindo a tipificação de homicídio doloso contra os dois suspeitos”, explica Lucas Fortunato, advogado da família de Adrian.

O MPPR ainda solicitou que a PCPR abra um novo inquérito para investigar a morte de Adrian. Dessa forma, seria preciso finalizar essa nova investigação para que os suspeitos possam ser denunciados por homicídio.

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