Caso Ísis: "Corpo não está na obra", afirma delegado
Possibilidade, que chegou a ser investigada, foi descartada pela polícia no decorrer do inquérito que apura o desaparecimento e possível assassinato da adolescente Ísis Victória Miserski
O delegado Matheus Campos afirmou nesta sexta-feira (9), ao relatar a conclusão do inquérito policial sobre o desaparecimento de Ísis Victória Miserski, que o corpo da jovem definitivamente não está na obra em que o suspeito Marcos Wagner de Souza trabalhava. A possibilidade, que chegou a ser apontada no decorrer das investigações, já foi totalmente descartada pela Polícia Civil do Paraná (PCPR). O local foi alvo da investigação porque o indiciado pelo crime esteve lá na noite do desaparecimento, fato comprovado pelos dados fornecidos por uma operadora de telefonia celular.
“Ele ocultou esse corpo na obra? Não, definitivamente não. Nós temos que entender o que é um local ermo, e o que é um local que não é ermo. Em um local ermo é muito mais fácil de você ocultar. Em um local que não é ermo, é muito mais difícil. A obra é um local que não é ermo. A obra, conforme testemunhas estava com o solo compactado, então qualquer modificação no solo seria perceptível. Outra coisa, seria feito barulho, e existem vizinhos no local”, explica.
“Além disso, o tempo para ocultar em um local que não é ermo e fazer de forma extremamente bem feita leva tempo, o que ele não tinha muito, no momento. E caso ele não tivesse feito o serviço de forma bem feita, na obra, certamente seria encontrado. a obra tem vários pedreiros, vários funcionários que fizeram serviços ali por muito tempo posteriormente”, ressalta o delegado.
Suspeito esteve na obra na noite do desaparecimento da adolescente
Entretanto, a polícia conseguiu comprovar que o suspeito esteve no local da obra na noite do desaparecimento. “Nós conseguimos verificar que, entre meia-noite e uma hora, houve conexão em um Wi-Fi da região da obra onde ele trabalhava. Não quer dizer que ele ficou uma hora na obra. Quer dizer que por três vezes, duas inclusive por meio do aplicativo Whatsapp, ele se conectou no Wi-Fi do local. Nós conseguimos também recuperar, por conversas, que por volta de meia-noite e meia ele realizou algumas ligações para sua esposa. Então provavelmente essa conexão foi de ligações que ele fez. O que a gente não consegue é colocar um prazo específico em que ele ficou na obra, mas nós conseguimos saber que ele foi na obra”.
Movimentação de suspeito nos dias seguintes ao desaparecimento são indícios importantes
Apesar disso, outra evidência de que o corpo da adolescente não estaria “concretado” na obra, como se chegou a cogitar, é o fato do suspeito ter se deslocado várias vezes para fora da cidade nos dias seguintes ao desaparecimento de Ísis.
“Um dos pontos que chamou a atenção da polícia é o fato dos funcionários afirmarem que o Marcos tinha a chave do quartinho da obra, e nesse quartinho eram guardadas pás, enxadas e cortadeiras. A gente sabe que são instrumentos usados para a construção civil, mas que podem também ser usados para fim ilícitos. Então o indício não é que houve uma ocultação na obra, o indício sim é que esses materiais podem ou não ter sido usados para facilitação”, conta.
“São quebra-cabeças, a gente vai construindo tudo. Nos dois dias seguintes, a gente conseguiu verificar que por um período de tempo ele permaneceu com o telefone desligado, e nós descobrimos também que ele foi em direção à cidade de Telêmaco, inclusive próximo à região do Mandaçaia, onde foram iniciadas as buscas. E que em um momento ele parou naquele local, conforme testemunhas informaram. São indícios que se somam e que fazem a gente descartar que houve uma ocultação nessa obra. Porque se fosse ocultado na obra certamente ele não precisaria ficar se deslocando e desligando o celular dele”, complementa o delegado.
Depoimentos de testemunhas ajudaram a polícia a descartar obra como local de esconderijo de corpo
Ele destaca que outras informações colhidas ao longo do inquérito serviram para descartar definitivamente o local como possível esconderijo para o corpo. Principalmente o depoimento de uma mulher que se relacionou anteriormente com o suspeito.
“A estrada entre Telêmaco Borba e Tibagi é cheia de locais ermos. E nós escutamos testemunhas, inclusive ex-companheiras do Marcos, de que ele levava companheiras em alguns locais ermos da estrada para praticar relações sexuais. Inclusive uma dessas testemunhas informou que em um desses encontros ele a levou em um desses locais ermos da estrada e começou a ameaçar e a bater, inclusive ameaçando que iria matá-la. E que se ele matasse ali ele iria sumir com o corpo dela e ela nunca seria encontrada”.
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