O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) concluiu um relatório em que aponta suspeitas de maus tratos a detentos do Complexo Médico Penal (CMP) do Paraná, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. O despacho é assinado pelo juiz Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi, coordenador do departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) concluiu um relatório em que aponta suspeitas de maus tratos a detentos do Complexo Médico Penal (CMP) do Paraná, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. O despacho é assinado pelo juiz Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi, coordenador do departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas.
Complexo Médico Penal fica em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (Foto: Reprodução/Polícia Penal do Paraná)

Conforme as informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o CNJ abriu um procedimento administrativo para apurar a situação da unidade penal. A jornalista afirma ainda que o relatório foi elaborado após denúncias da Defensoria Pública do Paraná e do deputado estadual do Paraná, Renato Freitas (PT).

Entre as denúncias apresentadas pelo parlamentar no início deste ano, estão relatos de que celas e sanitários da unidade não são devidamente equipadas para atender às necessidades das pessoas com deficiência. “As celas não oferecem espaço adequado para a locomoção, especialmente para pessoas com deficiência física, como cadeirantes. O espaço destinado ao banho carece de acessibilidade, não possuindo corrimãos para auxiliar durante a higienização e apresentando obstáculos como degraus. Além disso, as cenas capturadas mostram um ambiente insalubre, com lixo espalhado ao redor das camas e restos de alimentos acumulados no chão em sacolas”, afirma o parecer encaminhado pelo deputado.

Leia também:

Freitas também apresentou um vídeo que mostra pacientes desassistidos nas instalações da unidade. De acordo com o deputado, as imagens revelam “imagens perturbadoras de indivíduos em condições de saúde precárias, evidenciando uma clara situação de negligência por parte das autoridades responsáveis. O CMP, projetado para abrigar presos imputáveis, inimputáveis e semi-imputáveis, tanto do sexo masculino quanto feminino, em regime fechado, aparentemente falha em fornecer as condições básicas necessárias para o confinamento humano digno”.

Relatório aponta série de irregularidades no CMP

Com base na documentação apresentada por Freitas, o juiz aponta em seu relatório que as condições precárias de saúde resultaram em riscos, violência e até mesmo mortes. Os relatos citariam 12 detentos, que segundo as informações do deputado, se suicidaram ou tentaram tirar a própria vida; foram vítimas de abusos sexuais; ou foram encontrados mortos “sob circunstâncias suspeitas”.

O relatório do CNJ também atende ao pedido da Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR), que protocolou no último mês de março um pedido de investigação sobre as condições do CMP. A Defensoria confirmou, por meio de nota, que acionou o conselho para tomar providências.

Confira a nota na íntegra:

O Núcleo da Polícia Criminal e da Execução Penal (NUPEP) da Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) informa que, em março deste ano, protocolou um pedido de providências ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que fossem investigadas mortes e denúncias de violências ocorridas dentro do Complexo Médico de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. O pedido faz parte da atuação diária do Núcleo de fiscalização e inspeções do sistema penitenciário paranaense. Por isso, o NUPEP também informou os demais órgãos competentes do estado sobre os mesmos casos, como Ministério Público do Paraná, Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (GMF-TJPR), Varas de Execuções Penais e Corregedoria dos Presídios. O NUPEP acompanha as apurações das demais instituições.”

Procurada pela reportagem, a Polícia Penal do Paraná respondeu por meio de nota que “tem atuado no gabinete de crise instaurado para a gestão do Complexo Médico Penal (CMP) e já implementou uma série de medidas corretivas e estruturais em prol de um tratamento penal mais humanizado e eficaz.”

Leia a íntegra da nota:

A Polícia Penal do Paraná (PPPR), junto a órgãos parceiros como Defensoria Pública, Ministério Público e O Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (GMF/TJ), tem atuado no gabinete de crise instaurado para a gestão do Complexo Médico Penal (CMP) e já implementou uma série de medidas corretivas e estruturais em prol de um tratamento penal mais humanizado e eficaz. 

Entre as ações realizadas pela nova gestão do CMP estão a transferência de gestantes e cadeirantes para unidades mais adequadas, readequações estruturais no próprio CMP para aprimorar as condições locais, além de iniciativas voltadas à promoção de educação e capacitação dos custodiados.

Adicionalmente, o Processo Seletivo Simplificado (PSS) está em andamento já na fase de contratação de novos profissionais de saúde, que atuarão diretamente no CMP, reforçando o compromisso da PPPR com a melhoria das condições de atendimento e segurança para todos os custodiados.

Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui!

perfil Luciano Balarotti
Luciano Balarotti

Repórter

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.