Deficiente visual é abandonado por motorista de aplicativo, em Londrina; assista
O psicólogo Thiago Bornia, de 40 anos, foi abandonado por um motorista de aplicativo, no ponto de embarque, em Londrina, no Norte do Paraná. Bornia é deficiente visual e saia de um treinamento de natação paralímpica, acompanhado do seu cão-guia e sua treinadora. Já é o 8º boletim de ocorrência que ele registra pelo mesmo motivo.
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Em vídeo, gravado pela treinadora, o psicólogo explica que levaria seu cão-guia, Sharif, junto com ele, mas com uma toalha, para não sujar o veículo. A mulher ainda explica que o animal precisa ser levado para guiá-lo. O motorista diz que vai manobrar o carro, mas vai embora.
Veja o vídeo na integra:
Apesar de ser o 8º boletim de ocorrência registrado, ele afirma que já teve muitas outras corridas negadas, mas que não procurou as autoridades. Ele processou a empresa que presta o serviço em 2021, em um episódio com várias testemunhas. Na primeira instância, o homem ganhou a causa, mas a empresa recorreu.
“A resposta dela é de que ela não tem responsabilidade sobre os parceiros, que são os motoristas, mas eu faço o uso do aplicativo, eu pago para a Uber, eu não chamo um motorista específico”, conta Thiago.
De acordo com a Lei Federal Nº11.126 de 2005, é assegurado o direito do uso de cão-guia em qualquer ambiente. O animal, que é treinado, pode entrar em todo meio de transporte.
Apesar da legislação, Thiago ainda passa por problemas desse tipo. Ele conta que até mesmo no momento de ir para a audiência teve a corrida negada por motoristas do aplicativo.
“Se eu dependo de um Uber, eu já entro em estado de estresse. Eu já começo a ficar ansioso, eu já começo a ficar nervoso porque eu não sei se vou ter que ficar discutindo para a pessoa consegue ter um pouco de empatia”.
afirma o psicólogo.
O psicólogo se manifestou nas redes sociais, e diz que “São situações corriqueiras que, nós deficientes, enfrentamos todos os dias”.
Outra corrida negada
Em julho de 2021, Thiago passou por uma situação semelhante. Câmeras de segurança registraram o momento em que um motorista de aplicativo se negou a realizar a corrida com o psicólogo e seu cão-guia.
Ao saber que o animal também viajaria, a motorista negou a corrida, e foi embora. A advogada da motorista se manifestou e disse que “nenhum momento teve qualquer intuito discriminatório ou de menosprezo do passageiro enquanto pessoa com deficiência”.
Empresa se manifesta
A Uber enviou nota ao RIC Mais sobre o caso registrado. Confira na íntegra:
A Uber não tolera qualquer forma de discriminação em viagens pelo aplicativo e reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o nosso app. Temos como política que os motoristas parceiros cumpram a legislação que rege o transporte de pessoas com deficiência e acomodem cães-guia. A Uber fornece diversos materiais informativos a motoristas parceiros sobre como tratar cada usuário com cordialidade e respeito. A empresa possui um guia que tem como objetivo apoiar os motoristas parceiros com informações sobre como ter interações positivas e respeitosas com usuários que têm alguma deficiência. Nos casos em que usuários sentirem que o tratamento dado pelo parceiro não foi respeitoso, ou que desrespeitou os termos da lei, ressaltamos sempre a importância de reportarem esses incidentes à Uber, para que possamos tomar as medidas necessárias. Conforme explicitado no Código da Comunidade Uber, casos comprovados de motoristas que adotem conduta discriminatória podem levar à perda de acesso à plataforma.