'Ele era louco', diz mãe sobre filho autista encontrado morto em Ponta Grossa

por Caroline Maltaca
com supervisão de Giselle Ulbrich
Publicado em 1 mar 2022, às 21h33. Atualizado às 21h34.

Renata Fernandes Quadros Borges e Samuel de Jesus Silva foram indiciados na segunda-feira (28) pela suspeita de estarem envolvidos na morte de Rômulo Luiz Fernandes Borges, de 19 anos, um jovem autista encontrado morto em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Em depoimento à Polícia Civil do Paraná, mãe e padrasto do jovem afirmaram que, diante de alguns dos “surtos” dele, se fazia necessário amordaça-lo.

Durante o depoimento, Renata afirmou que “fora dos surtos, [o filho] era amoroso”. Porém, quando não estava bem, batia a cabeça contra a parede, gritava e tentava fugir. Conforme a mulher, em tais momentos, a forma encontrada pelo casal para contê-lo era amordaça-lo.

“A gente tenta conter para ele não se machucar, não é agressão”,

disse Renata.

Ao ser questionada sobre a relação do filho com o padrasto, com quem vive um relacionamento há quatro anos, Renata contou que era boa, mas que ambos foram se adaptando um com o outro neste tempo. De acordo com as informações do processo, a Associação de Proteção aos Autistas (Aprout), já havia apresentado queixa-crime por notar marcas de agressão no garoto, em 2019.

Ao ser questionada sobre as alegações de que, desde o início de seu relacionamento com Samuel, o adolescente apresentou um outro comportamento, inclusive hematomas, a mãe da vítima garantiu que os machucados era pelo menino cair durante os surtos.

“Quem via não falava que ele era autista. Ele era louco”,

disse Renata.

Conforme o processo do caso, o investigador da Polícia Civil que foi ao local dar o primeiro atendimento encontrou o jovem em “um banheiro, improvisado como quarto”, que apresentava umidade e mofo, com pouca iluminação externa, sem iluminação artificial e sujo. Questionada sobre a situação, a mãe alegou que estavam arrumando um local mais adequado.

Depoimento do padrasto

De acordo com o relato de ambos, no dia em que Rômulo morreu, em 18 de fevereiro, o adolescente sofreu uma convulsão, o que acontecia com frequência. Entretanto, após pedir por socorro, o jovem não resistiu e morreu. Segundo o casal, a situação aconteceu logo após Renata sair para o trabalho. Na casa ficaram Rômulo, Samuel e outros dois filhos do casal. Assim que chegou no trabalho, Renata afirma ter recebido um telefonema de Samuel e retornado, devido ao estado do adolescente. De acordo com o casal, a ambulância chegou entre 10 a 15 minutos depois.

Conforme o relato do Samu, foram encontradas lesões pelo corpo e hematomas nos olhos do jovem, semelhantes a um soco nos olhos. Questionado sobre as agressões acusada, Samuel alegou que o menino tinha convulsões, caía, e consequentemente se machucava.

“A gente corria com ele direto, e os órgãos públicos que podiam ajudar, não ajudavam, não tinha mais o que fazer”,

contou Samuel.

O padrasto também confirmou que o casal realmente colocava um pano no rosto do adolescente, mas “quando necessário”.

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