Empresa que deu golpe em formatura de Medicina já tinha 90 processos na Justiça

Publicado em 8 fev 2023, às 19h48.

A empresa de formaturas Brave Brasil, que deu o calote em estudantes de Medicina de Maringá, no noroeste do Paraná, já tinha mais 90 processos na Justiça. Desde 2019, a empresa vinha dando calote em fornecedores.

Relembre os casos:

A situação só veio à tona no dia 21 de janeiro, depois que os estudantes de Medicina de uma faculdade particular de Maringá constataram que o baile de formatura não estava sendo montado. Eles já vinham desconfiando de algo errado desde a colação de grau, dois dias antes, quando parte do contratado não foi cumprido.

Os 123 estudantes, que contrataram a empresa de Florianópolis (SC) cinco anos antes da formatura, descobriram que a Brave Brasil deu o calote em diversos fornecedores. Alguns chegaram a montar a estrutura do baile no Parque de Exposições de Maringá. Mas desmontaram após não receberem da Brave o pagamento pelos serviços.

Uma pequena parte dos estudantes se organizou e conseguiu contratar às pressas outra empresa, de Maringá mesmo, que organizou um baile em 12 horas. No dia seguinte, os estudantes deram queixa contra a Brave Brasil na delegacia. O prejuízo do grupo foi de R$ 3 milhões.

Ponta do iceberg

Depois do escândalo em Maringá, logo em seguida, outro grupo de 82 alunos de uma universidade particular de Cascavel, no Oeste do Paraná, também não tiveram a festa de formatura. O prejuízo deles foi de R$ 2 milhões.

Com as notícias se espalhando, diversos outros grupos de estudantes de Medicina ao redor do Brasil que possuem contrato com a Brave Brasil (que se intitula especializada em formaturas de Medicina) passaram a ficar receosos.

Reveja outros casos de problemas na formatura:

54 alunos da Universidade de Caxias do Sul (UCS) pensaram em pedir o congelamento do pagamento de mensalidades à Brave, até decidirem o que fazer. Mas não conseguem mais contato com a empresa. Quando são respondidos, são ex-funcionários dizendo que se desligaram da empresa.

A formatura da UCS está orçada entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão e os alunos já chegaram a pagar cerca de 30% do valor. Alguns já pagaram a sua parte à vista , entre R$ 12 mil e R$ 15 mil, e não possuem mais dinheiro para pagar tudo novamente.

Diversos fornecedores, que prestaram ou prestariam os serviços nas formaturas pelo Brasil, dizem que não foram pagos pela Brave.

Demissão em massa

Nesta quinta-feira (8), conforme apurou o portal ND+, novo escândalo. A Brave Brasil demitiu 170 funcionários, que ficaram sem o pagamento de salários. Desde a metade do ano passado eles já estavam recebendo de forma irregular.

A Brave ainda esvaziou o prédio que ocupava e retirou tudo de dentro, em Florianópolis. A alegação deles ao ND+ é que estavam mudando para um prédio menor.

A empresa negou, a diversos veículos de comunicação, irregularidades nos contratos. Disse ainda que não pagou fornecedores e funcionários porque suas contas foram bloqueadas pela Justiça, situação que permanece.