Estelionatário usa nome de pizzaria de Londrina para assediar mulheres e aplicar golpes

Publicado em 26 maio 2021, às 14h58.

Um golpe virtual assusta moradoras de Londrina, no norte do Paraná. Um estelionatário tem clonado números de WhatsApp e aplicado golpes em mulheres da cidade. Para conseguir os telefones, ele finge ser funcionário de uma pizzaria famosa. Além de pedir transferências bancárias, o homem assedia as vítimas ao aparecer se masturbando em chamadas de vídeo.

“Oi! Está podendo falar?”, inicia a conversa. Ele usa a foto de uma moradora da cidade, chama mulheres no chat do WhatsApp e tenta começar uma chamada de vídeo. “Não lembra de mim?”, continua tentando fazer contato. 

Daniela Liborio, de 21 anos, foi uma das vítimas. Mesmo não conhecendo o número, resolveu continuar a conversa. “Como eu realizo muitos projetos na faculdade […], poderia ser alguém vinculado a isso. Então eu respondi”, explica. Ela recusou a primeira chamada de vídeo recusada, mas o estelionatário insistiu: “Pode atender rapidinho?”. 

Ao aceitar a segunda ligação, a jovem foi surpreendida pela figura masculina. Em vídeo, o homem estava com o órgão genital à mostra e se masturbando.

“Na hora eu fiquei muito nervosa. É um espanto você pensar que está conversando com uma menina, querendo saber o que ela quer falar com você, e aí vem um tarado”,

relata a vítima.

Daniela bloqueou o contato logo depois e criou uma publicação em um grupo do Facebook alertando outras pessoas. Em entrevista ao RIC Mais, ela explicou que quis encontrar a mulher das fotos porque passou a achar que ela também seria uma das vítimas do golpista.  

Como o golpe foi aplicado

No mesmo post da rede social, foi possível localizar Fernanda*. A jovem, que preferiu ter a identidade protegida, contou que teve o WhatsApp clonado após uma conversa no Instagram. A conta, que fingia ser uma pizzaria conhecida de Londrina, fingiu estar fazendo o cadastro para uma promoção para conseguir dados pessoais.

“A conta começou a me seguir e mandou mensagem dizendo que estava rolando uma promoção. Tudo super educado. Para participar, deveria enviar nome, data de nascimento e telefone. Eu mandei”,

disse ela.

Depois de ter passado as informações, Fernanda recebeu uma mensagem de texto como código que deveria ser repassado ao suposto restaurante. Na realidade, a sequência de números dava acesso ao WhatsApp de Fernanda em outro aparelho. 

“Na mesma hora, apareceu um SMS pra mim dizendo que meu Whats seria aberto em outro aparelho. Perdi o acesso desde então. Fui tentar falar no Instagram e já tinham excluído a conta. Começaram a pedir depósito de PIX pra amigos meus, […] mas essa do assédio eu fui ficar sabendo só quando postaram. Fiquei chocada, me sentindo péssima”, 

relata Fernanda.

A mulher conseguiu recuperar o número somente três dias após o golpe. Um boletim de ocorrência sobre o caso foi registrado. Não houve prejuízo financeiro. Fernanda conta que, a partir do ocorrido, passou a desconfiar mais das pessoas. 

“O errado não é acreditar. Errado é quem faz a maldade. Infelizmente temos que aprender a acreditar menos, talvez”,

finaliza.

A pizzaria foi procurada pela reportagem. O estabelecimento relatou ter conhecimento dos fatos e que já tomou as providências para denunciar a conta falsa. A equipe também alertou os clientes em suas redes sociais.

A identidade do suspeito do golpe ainda não foi identificada.

O que fazer nessas situações? 

O delegado da Polícia Civil de Londrina, Edgard Soriani, alerta para a quantidade de golpes de clonagem de números que estão sendo aplicados em Londrina. Com o início da pandemia da covid-19, o número aumentou no setor de estelionatos.

Caso você seja uma das vítimas, a orientação é registrar um boletim de ocorrência na delegacia de sua cidade. Em seguida, é preciso:

  • Avisar seus contatos e familiares sobre a fraude;
  • Bloquear, por telefone, o chip junto à operadora;
  • Encaminhar e-mail para support@whatsapp.com (em português) e solicitar imediato bloqueio da conta;
  • Ir a uma loja física da operadora e adquirir um novo chip.

Segundo o delegado, também é importante desinstalar o aplicativo diversas vezes do aparelho, até que ele também seja bloqueado do celular do golpista.

*nome fictício para resguardar a identidade da vítima