Haitianos revelam racismo contra filha de 4 anos em escola: “Cuspiu no rosto dela na frente da professora”
Um casal de haitianos, que vive em Curitiba, revelou um caso de racismo contra a filha, de apenas 4 anos, dentro de uma escola particular da capital paranaense. Os pais, que fizeram uma denúncia ao Ministério Público (MP), contaram que a menina foi chamada de ‘cocô’, levou uma cuspida no rosto e ainda quebrou o punho após ser derrubada por um colega da mesma idade.
Segundo os pais, tudo aconteceu em frente aos professores e outros alunos da escola.
“Minha filha falou que o menino chama ela de cocô na frente da professora e das colegas. Depois, o mesmo menino colocou a mão no escorregador e derrubou minha filha, que quebrou o punho. Depois, em terceiro episódio, a minha filha contou que ele cuspiu no rosto dela, na frente da professora, que não fez nada”,
declarou Frandeline Belotte, que atua como vendedora,
Diante dos episódios, a garota, que adorava frequentar a escola, perdeu o interesse em continuar indo até o local. Para não prejudicar o ensino da filha, os pais abriram mão da bolsa no colégio particular e matricularam a pequena em uma escola pública da capital paranaense.
“Só porque eu sou negro, sou haitiano, sou imigrante, não pode ter voz? Isso mostra que existe racismo no país”,
disse Reginald Elysee, pai da menina.
Os pais da menina se emocionaram bastante durante uma entrevista com a repórter Thaís Camargo, da RICtv. “Minha filha não merece tudo isso”, contou Frandeline com lágrimas no rosto. Já o pai pediu por justiça, “espero que, isso não vai acontecer, mas que a Justiça seja feita”.
Ministério Público analisa o caso
O MP do Paraná recebeu a denúncia e deve averiguar as provas. Segundo a advogada Priscila Caneparo, o país possui lei contra o racismo e a instituição pode ser responsabilizada.
“O Ministério Público, se ficar comprovado, na visão desta Instituição, a prática do racismo, ele vai oferecer denúncia ao poder judiciário. O Brasil já tem uma lei para combater o racismo. O poder judiciário vai averiguar as provas e pode vir a condenar a escola”,
revelou Priscila.
A escola onde a garota estudava emitiu uma nota sobre o caso. Segundo a instituição, não houve preconceito e a escola é contra a intolerância. Apesar disso, a diretoria adotou medidas para investigar a veracidade dos fatos.
“Em relação à alegada denúncia sobre supostos atos de racismos praticados por criança de 4 (quatro) anos no Sesc Educação Infantil Curitiba, contra colega de classe, a entidade esclarece que as afirmações do denunciante ao jornal, encaminhadas ao Sesc/PR, não são verdadeiras e nunca houve nenhum ato de preconceito ou discriminação dentro da entidade”,
diz uma parte da nota.