Pai condenado por matar a filha terapeuta pode ter pena reduzida em 10 anos; entenda

por Caroline Maltaca
com supervisão de Caroline Berticelli
Publicado em 6 out 2021, às 18h57. Atualizado às 19h04.

A defesa de Luiz Carlos Nadolny, de 48 anos, condenado a 30 anos, nove meses e 22 dias de prisão pelo assassinato da própria filha, a terapeuta Aline Miotto Nadolny, de 27 anos, no bairro Hugo Lange, em Curitiba, entrou com um pedido de apelação para uma nova resolução para o caso. Entre os principais argumentos estão a falta de um exame de sanidade mental que pudesse apontar se o acusado realmente era capaz de responder pelos atos cometidos.

“Pelos relatos da família, ele tinha muitos rompantes. Uma pessoa que joga o forno na filha não pode ser considerada normal”,

explica o advogado de defesa relembrando relatos dos familiares.

De acordo com o atual advogado de Nadolny, Sergio Padilha, que assumiu o caso dois dias antes do júri, além da falta da realização do exame, há outros pontos que a defesa considera terem sido julgadas de forma errada. Para Padilha, a condenação por ocultação de cadáver, por exemplo, não tem fundamento.

A acusação de feminicídio também é contrariada pelo advogado. De acordo com ele, o crime deveria ser considerado um homicídio, já que não foi motivado pelo fato dela ser mulher.

Relembre o caso

O crime ocorreu em junho de 2019. Segundo o acusado, a motivação foi porque a terapeuta se negou a atender o pedido do pai para intervir na situação sobre a pensão alimentícia de sua irmã mais nova. Luiz Carlos queria que Aline conversasse com a mãe para que ela desistisse da quantia mensal.

“Encontrei ela na rua, estávamos indo em direção ao Bacacheri. Parei em um lugar que não tinha movimento e começamos a conversar, pedi para ela ajudar na questão da pensão, acertar as coisas pendentes”

disse Luiz Carlos, no depoimento prestado em 2019.

A jovem foi enforcada com o próprio cachecol enquanto estava sentada no banco de passageiros do carro do pai. Na sequência, Luiz Carlos jogou o corpo da filha em um terreno baldio, ao lado da Colônia Penal Agrícola em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, e foi embora.

A Polícia Civil chegou até o pai da vítima depois que uma testemunha afirmou ter visto um Renault Sandero vermelho na região onde Aline foi localizada. Durante o depoimento, ele confessou o crime e afirmou ter cometido o assassinato em um momento de raiva. “Grudei no pescoço dela, me descontrolei. Eu fiz o pior, acabou acontecendo isso. Eu lembro ela dizia: Pai… pai… pai..”, contou na época.

Próximos passos

Agora, com o caso correndo no Tribunal de Justiça, a defesa participará de um júri para justificar o pedido de uma nova resolução. Para a defesa, caso a tese seja aceita e haja um novo júri, Nadolny pode ter uma redução de 10 anos em sua pena.

“Se o exame de sanidade provar algo, a pena tende a diminuir ainda mais”,

disse Sergio Padilha,