Homem que matou ex-sogros permanece em silêncio durante depoimento em Curitiba

Publicado em 5 nov 2021, às 12h42. Atualizado às 13h26.

Sérgio Luiz Baduy, de 56 anos, que confessou por mensagem de áudio o assassinato dos ex-sogros em Curitiba, ocorrido do dia 28 de outubro, preferiu manter silêncio durante o depoimento prestado à Polícia Civil da capital nesta sexta-feira (5).

De acordo com a advogada de defesa Darciele Bachmann, Baduy está extremamente abalado e fala muito em tirar a própria vida. “Foram momentos de extrema emoção. Ele estava extremamente abalado, foi necessário que dois policiais ficassem na sala junto comigo e com a doutora Tatiane – que inclusive foi muito humana, muito solidária, quero destacar isso – para que o Sérgio não fizesse algo contra a própria vida. Ele olhava a todo momento para a janela, disse frases fora de contexto, desconexas, estava  bastante arredio”. 

“Existem áudios que foram gravados, teoricamente pelo Sérgio. Aqui, na fase de inquérito, quando era o momento de ele falar, ele não falou. Ele ficou em silêncio. Eu entendo que nesse momento precisa ser avaliado se o Sérgio está em condições mentais de entender tudo o que está acontecendo. Ele já atentou contra a própria vida, ele cortou os pulsos antes de ser preso. Fala o tempo todo que não precisa viver, que não quer viver, que tem uma filha no céu esperando ele”,

completa Bachmann. 

A advogado ainda explica que solicitou à delegada Tathiana Guzella, responsável pelo caso, que seu cliente seja transferido para o Complexo Médico Penal de São José dos Pinhais, na região metropolitana da capital, por ser “um perigo para ele mesmo”. 

Baduy chegou na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Curitiba, por volta das 22h20 de quinta-feira (4). Ele estava detido desde o dia 28 de outubro, quando foi flagrado na BR-101, na altura de Biguaçu (SC), por policiais rodoviários federais, fugindo. No momento da prisão, Baduy estava com os pulsos cortados e afirmou que tentou cometer suicídio. Em áudio enviado anteriormente para o delegado Tito Barichello, da DHPP, Sérgio já tinha adiantado que iria tentar tirar a própria vida para não ser preso.

Na ocasião, em seu depoimento prestado à polícia de Santa Catarina, ele preferiu se manter calado em boa parte do tempo. Ele somente explicou que o veículo que estava conduzindo no momento da prisão estava no nome da ex-esposa, filha das vítimas. Chorando, Baduy não falou sobre o crime e nem sobre a faca que teria sido usada nos assassinatos.

Em audiência de custódia, a Justiça determinou a prisão preventiva do suspeito. As investigações ainda estão em andamento, mas Baduy deve ser indiciado por homicídio qualificado.

Em entrevista à RIC Record TV, Guzella pontuou que apesar de Baduy não ter confessado o crime nesta sexta-feira, não existem dúvidas sobre a autoria do crime e a primeira parte do inquérito deve ser finalizada ainda no sábado (6).

“Sem dúvidas nenhuma, nós estamos perante a um homicídio com uma premeditação, com confecção de equipamentos próprios para entrada na casa [das vítimas]. Isso não quer dizer que ele não esteja passando por um abalo emocional, tentou suicídio depois do cometimento desse crime bárbaro, mas ainda assim não demonstrou qualquer arrependimento. Isso nós verificamos posteriormente pelas mensagens enviadas. É possível que agora, que ele tenha sobrevivido, ele tenha essa problemática emocional”,

diz a delegada.

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 O crime

Conforme a filha do casal morto, ela foi casada com Sérgio Baduy por 10 anos, mas se separou dele há seis meses e voltou a morar com os pais. Dois dias antes dos assassinatos, a mulher conseguiu um novo local para morar com a filha e se mudado.

A suspeita da polícia é de que Sérgio tenha usado uma corda cheia de nós para acessar o quarto do casal durante a madrugada. Emílio, de 56 anos, e Lucileia, de 52 anos, foram mortos a facadas na cama em que dormiam. Os corpos foram localizados pela manhã, depois que a filha do casal foi avisada por um amigo de que o ex-marido havia enviado uma mensagem dizendo para que ela fosse até a residência dos pais com a polícia e que ela teria uma surpresa.

Em conversa com a Polícia Civil antes de ser preso, Baduy confessou que cometeu o crime de forma consciente, disse ter sido injustiçado pelas vítimas, não se mostrou arrependido e ainda ressaltou que “estava para ser preso por causa da porcaria da Lei Maria da Penha”.

Ouça a conversa: