Júri popular de acusados de matar empresário que investigava fraudes em postos de combustíveis começa hoje (12)
Começou na manhã desta quinta-feira (12), o júri popular dos quatro réus suspeitos de envolvimento na morte do empresário Fabrizzio Machado da Silva. Na época, Fabrizzio participava de uma investigação sobre possíveis fraudes em postos de combustíveis em Santa Catarina, Paraná e São Paulo. A vítima foi assassinada a tiros no momento em que chegava em casa, no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba, no dia 24 de março de 2017, após um encontro com jornalistas. O empresário também era presidente da Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis (ABCFC).
No dia do crime, os suspeitos bateram na traseira do carro de Fabrizzio e no momento em que ele desceu para ver o estrago, foi baleado e não resistiu.
Os quatro acusados que estão sendo julgados pelo homicídio qualificado de Fabrizzio são:
- Onildo Chaves de Córdova II
- Jeferson Rocha da Silva
- Patrick Jurczyszyn Leandro
- Matheus Willian Marcondes Guedes
Segundo a denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Onildo é o responsável por encomendar a morte de Fabrizzio. Matheus e Patrick estavam no carro que bateu no veículo da vítima – Matheus dirigindo e Patrick teria sido o autor dos disparos. Já Jeferson foi apontado como intermediador.
Atualização
Em nota, a defesa técnica de Onildo Chaves de Córdoba II afirmou que “tem certeza da inocência e da absolvição do empresário em razão da prova produzida ao longo do processo que demonstra com clareza que Onildo não teve envolvimento algum com os fatos”.
Operação Pane Seca
Fabrizzio presidiu a ABCFC e realizava uma investigação quando foi assassinado. Na época, operações de fiscalização chegaram a fechar alguns estabelecimentos na Grande Curitiba.
Dois dias depois de sua morte, em 26 de março de 2017, a Polícia Civil do Paraná deflagrou a Operação Pane Seca que interditou nove postos de gasolina em Curitiba e na região metropolitana.
Seis pessoas foram presas durante a operação “Pane Seca” deflagrada pelo Departamento de Inteligência do Estado do Paraná (Diep), suspeitas de integrar duas quadrilhas que fraudavam a quantidade de combustível que sai das bombas – gerando prejuízo aos motoristas e ganhos para as organizações criminosas.
A investigação do Diep, que resultou na Operação Pane Seca, teve início a partir de requisição da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, do Ministério Público do Paraná, que recebeu informações da ABCFC, da qual Fabrízzio era presidente. A ABCFC denunciou que alguns postos de combustíveis estariam fraudando a quantidade de combustível no momento do abastecimento.
Para a fraude funcionar, integrantes das quadrilhas instalavam dispositivos eletrônicos nas bombas, que interrompiam o fluxo de combustível efetivamente expelido, sem que houvesse interrupção na medição da quantidade de litros a ser paga pelo consumidor. Assim, a quantia de combustível de fato inserido nos tanques dos veículos de consumidores seria inferior à registrada nas bombas, fazendo com que os clientes pagassem valores a mais em cada abastecimento.
Tais dispositivos, segundo consta, poderiam ser ativados remotamente, podendo os criminosos escolher o momento mais propício para seu acionamento – o que também dificultaria a atuação dos órgãos fiscalizadores.