Mais de 4 mil crianças foram vítimas de abuso sexual em igrejas de Portugal
Mais de 4 mil crianças podem ter sido vítimas de abuso sexual na Igreja Católica portuguesa. Os registros são desde o ano de 1950. Algumas vítimas já se apresentaram para se manifestar. A análise dos casos foi encomendada pela própria Igreja Católica local. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (13).
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O chefe da Conferência Episcopal Portuguesa, Bispo José Ornelas, disse que as autoridades da igreja estudaram o relatório de 500 páginas do painel antes de dar uma resposta oficial.
“Vimos e ouvimos coisas que não podemos ignorar”, disse ele a repórteres. “É um conjunto dramático de circunstâncias. Não será fácil superar isso.”
A Comissão Independente para o Estudo do Abuso Infantil na Igreja Católica, instituída por bispos portugueses há pouco mais de um ano, investigou os supostos casos a partir de 1950.
O painel disse lamentar que o Vaticano tenha demorado tanto para conceder acesso aos arquivos da Igreja. A permissão veio apenas em outubro, dando ao painel apenas três meses para analisar as provas escritas de abuso.
O relatório veio quatro anos depois que o Papa Francisco reuniu líderes da Igreja de todo o mundo no Vaticano para abordar a crise dos abusos sexuais na Igreja. A reunião foi realizada mais de 30 anos depois que o escândalo estourou na Irlanda e na Austrália e 20 anos depois de atingir os Estados Unidos
Os bispos e outros superiores católicos em muitas partes da Europa na época continuaram a negar que o abuso sexual do clero existisse ou insistiram em dar pouco peso ao problema.
Pedro Strecht, psiquiatra que chefiou o painel em Portugal, disse que estima o número real de vítimas durante o período em pelo menos 4.415.
O painel não está divulgando os nomes das vítimas, as identidades dos supostos agressores ou os locais em que os abusos supostamente aconteceram. No entanto, é para enviar aos bispos até o final do mês uma lista de supostos agressores que ainda estão ativos na igreja.
De acordo com o relatório, 77% dos abusadores eram padres. No documento também consta que aproximadamente 77% das vítimas não denunciaram o abuso aos oficiais da igreja e apenas 4% foram à polícia. A maioria das vítimas eram do sexo masculino.
Até o momento, a igreja portuguesa não informou se pretende indenizar alguma vítima. As informações são do jornal Los Angeles Times.