Mais de mil denúncias de fraudes na vacinação são apuradas no Paraná

por Caroline Maltaca
com informações da Alep e supervisão de Daniela Borsuk
Publicado em 23 jul 2021, às 16h00.

A Assembleia Legislativa do Paraná informou recentemente que mais de mil denúncias envolvendo práticas fraudulentas na vacinação contra a Covid-19 em cerca de 160 municípios paranaenses estão sendo apuradas pela Comissão Especial (CE). Entre os crimes investigados estão o desvio de doses, utilização de CPF de pessoas mortas e até o uso de influência para burlar a ordem de imunização, prática conhecida como “fura-filas”.

De acordo com a Alep, as informações levantadas são do presidente da CE, deputado Delegado Francischini (PSL). O parlamentar explicou que o objetivo da Comissão é elaborar uma legislação que evite irregularidades em campanhas de vacinação nos próximos anos.

“O nosso objetivo é, ao final dos trabalhos, construir uma proposta legislativa de todos os deputados para fechar os gargalos que foram identificados, pois novas campanhas devem ocorrer nos próximos anos. Situações detectadas hoje servirão de lição para que não se repitam no futuro. Além, claro, do encaminhamento de fatos apurados aos órgãos competentes, como Ministério Público e a polícia, se for o caso”,

afirmou Francischini.

O deputado afirmou que todas as denúncias são checadas com cuidado.

“Já detectamos que certas denúncias foram, na verdade, erros de digitação. Algumas podem ser falsas, feitas por adversários políticos ou por alguém que queira prejudicar outra pessoa, por exemplo”,

explicou o deputado.

Casos

A Comissão foi instalada em abril e desde então, diversos casos foram apurados. Entre eles está o de Rio Branco do Sul, onde suspeitos de terem furado a fila de vacinação contra a Covid-19 no município foram denunciados por irregularidades.

“Desde o início dos trabalhos da Comissão, temos sido procurados e recebido denúncias, além das que foram apontadas pela Controladoria Geral do Estado, Ministério Público e Tribunal de Contas. A Comissão tornou-se uma referência. Nós estamos trabalhando para construir, junto com prefeitos e autoridades, mais transparência e correção na vacinação”,

disse o presidente da Comissão.

Os deputados que integram a Comissão Especial também realizaram uma diligência na cidade de Apucarana. No município, os parlamentares investigaram o caso de uma suposta enfermeira acusada de oferecer e vender doses da vacina contra a Covid-19.

A mulher, que foi presa a pedido do MP-PR, afirmou que os frascos achados em sua residência tinham duas origens: um deles era da vacina que ela própria tomou; o outro, seria destinado a vacinar uma família de conhecidos com negócios em Apucarana. Durante o processo, a suspeita negou as acusações.

Novas denúncias

A Comissão também apurou irregularidades no município da Lapa, região metropolitana de Curitiba. De acordo com a Alep, deputados entregaram à administração municipal documentos que apontam fraudes na imunização a partir do cruzamento de dados da Controladoria Geral da União e do Estado, Tribunal de Contas do Paraná e denúncias encaminhadas pela sociedade à Comissão Especial.

“Na cidade, o CPF de um homem foi usado na vacinação no dia 25 de fevereiro deste ano. De acordo com o atestado de óbito, essa pessoa faleceu no dia 18 de março de 2016, aos 85 anos.  Na relação de vacinados disponibilizada pela Prefeitura consta a imunização. Os deputados também repassaram à prefeitura denúncias de nove casos de fura-fila, alguns envolvendo servidores públicos. A administração municipal já apura estas irregularidades e repassou as informações à Comissão”,

informou a Assembleia.

Em Paranaguá, os parlamentares deram andamento às diligências que apontaram irregularidades na fila da vacinação no município. Os deputados, Delegado Francischini e Nelson Justus, entregaram à prefeitura documentos enviados pela Controladoria Geral da União mostrando a imunização de mortos e outros seis casos de irregularidades na cidade.

Na diligência, a administração municipal conseguiu comprovar que os dados colhidos pelos órgãos de fiscalização foram incluídos no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações erroneamente.