A advogada caiu do prédio em Guarapuava no dia 22 de julho; ela e o marido brigavam por causa de mensagens no celular quando tudo aconteceu
A Polícia Civil de Guarapuava indiciou por feminicídio, no fim da tarde desta terça-feira (31), Luis Felipe Mainvailer, de 32 anos, marido de Tatiane Spitzner, de 29 anos. A advogada caiu de um prédio e morreu no dia 22 de julho em Guarapuava, no centro-oeste do Paraná.
Segundo Bruno Miranda Maciozek, delegado responsável pelo caso, ele é denunciado por homicídio qualificado por motivo torpe e uso de meio cruel que impossibilitou a defesa da vítima, além da condição do sexo feminino. Ele também deverá responder por retirar o corpo do local, por tentar disfarçar as machas de sangue e, ainda, pelo furto do carro da advogada. “Luis Felipe foi indiciado por homicídio qualificado, motivo torpe, meio cruel, meio que impossibilitou a defesa da vítima, e condição de sexo feminino” afirmou Maciozek.
Manvailer já está preso preventivamente na Penitenciária Industrial de Guarapuava, por ser considerado o único suspeito da morte da esposa. Ele nega à polícia que tenha jogado a esposa da sacada.
O Ministério Público do Paraná (MP/PR) deverá avaliar o inquérito nos próximos cinco dias. Na sequência, o caso poderá ser denunciado à Justiça ou ainda o MP poderá solicitar informações complementares à Polícia Civil.
Posição dos advogados
Em nota, a defesa de Luís Felipe informou que não irá comentar as declarações da autoridade policial em coletiva de imprensa, realizada no final da tarde desta terça-feira, dia 31, pois não teve acesso nem ao Relatório Final do Inquérito e nem às declarações dadas sobre o assunto. Porém, após acessar o inguérito, a defesa entrou com pedido de impugnação das provas baseadas em conversas de WhatsApp da vítima e postagens em redes sociais de Luis Felipe, além do pedido de sigilo às imagens de câmeras de circuito que devem entrar no processo. Segundo os advogados, os prints e conversas estão foram de contexto, entrecortados e “Não se tem garantia, sequer, se os interlocutores estão realmente se referindo a LUIS FELIPE, quando aludem a ‘ele'”.
Já os advogados da família de Tatiane informam que ainda aguardam a avaliação do Ministério Público. No entanto, segundo o advogado Gustavo Scandelari, os quase 20 depoimentos colhidos na última semana, assim como os acontecimentos entre o casal nos últimos três meses descartam completamente a versão de que ela teria tirado a própria vida, a possibilidade de crime.
De acordo com o inquérito, examinando-se os depoimentos do peticionário em sede policial, bem como os de testemunhas próximas à Tatiane, o investigado vinha demonstrando agressividade em relação a ela e também em redes sociais. Conversas de WhatsApp entre Tatiane e uma amiga revelam um pouco do que o casal vinha passando, assim como os confrontos entre os dois.
Perícia no prédio onde a advogada caiu
Na sexta-feira (28), policiais, delegados e investigadores acompanharam a análise pericial realizada no local, com o objetivo de comparar as informações recolhidas com o depoimento de Luis Felipe Manvailer, de 32 anos. Na ocasião, um boneco com o mesmo peso e altura de Tatiane foram usados como base durante testes de simulação da queda. De acordo com a polícia, a análise não foi propriamente a reconstituição simulada dos fatos ocorridos no domingo por não contar com a participação de testemunhas e do principal suspeito da morte, o marido dela.
Entenda a morte da advogada em Guarapuava
O casal estava em uma casa noturna, na madrugada do domingo (22), quando a jovem pediu para ver o celular do marido. Com a negativa de Luis, uma discussão teria iniciado e se agravado após a chegada dos dois no apartamento onde viviam. “Ele disse que estava junto com a esposa comemorando o aniversário em um lounge lá da cidade de Guarapuava quando de repente a esposa dele pediu para dar uma olhada no celular dele. Ele se negou a que ela examinasse o celular e daí começou a discussão que se acalorou quando eles já estavam em casa”, disse o delegado Francisco Sampaio, da Polícia Civil de São Miguel do Iguaçu.
Na sequência, segundo o depoimento do marido, ela foi para a sacada e se jogou do quarto andar. “Lá ela tentou sair correndo, avançou sobre ele, ele foi de acordo com ele, ele somente segurou ela sem fazer força, ela se desvencilhou dele e teria rumado para a sacada, quando sem mais nem menos, de acordo com a versão dele, ela teria se jogado”, contou o delegado.
Uma testemunha contou à equipe da RICTV Curitiba | Record PR que presenciou partes do acontecimento. “De onde eu estava de cima, não dava para ver o corpo dela, porque ela caiu do lado do meu carro. Nisso, eu vi que o Luis Felipe saiu chorando de lá.. não sei o que ele foi fazer. Eu desci correndo e foi aí que eu chamei o bombeiro. O bombeiro não atendeu e, aí, eu falei para ele: ‘deixa aí que eu to chamando o bombeiro’. Ele me olhou e disse: “Não adianta, ela já está morta”, contou uma testemunha à equipe de reportagem da equipe da RICTV Curitiba |Record PR.
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Câmeras de segurança do prédio
As imagens de câmeras de segurança do prédio revelam que Luis arrastou Tatiane para dentro após a queda, deixando rastros e pegadas de sangue pelo caminho. Depois de deixar a esposa morta na sala do apartamento, ele foi novamente filmado pelo circuito interno de câmeras deixando o prédio com o carro da mulher.
Luis então seguiu sentido Foz do Iguaçu, no oeste do estado e na fronteira com o Paraguai, e acabou se envolvendo em um acidente na BR-277, em São Miguel do Iguaçu. Ele foi preso após abandonar o veículo e ser encontrado vagando às margens da rodovia.
Tatiane foi encontrada morta por policiais, chamados pelos vizinhos, que arrombaram a porta do apartamento.
*Com informações de Giulianne Kuiava, produtora da RICTV Curitiba
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