Para polícia, babá mentiu em depoimento e sabia das agressões contra Henry

por Daniela Borsuk
com informações do G1 do Rio de Janeiro
Publicado em 8 abr 2021, às 11h22.

Nesta quinta-feira (8), agentes da 16ª Delegacia de Polícia da Barra da Tijuca, que investigam a morte do pequeno Henry Borel Medeiros, cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa da babá do menino, morto no dia 8 de março. Também hoje, o vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, padrasto de Henry, e a mãe da criança, Monique Medeiros, foram presos.

Para a Polícia Civil, a babá Thayná de Oliveira Ferreira mentiu em seu depoimento na delegacia, prestado no dia 24 de março, e sabia que o pequeno Henry já tinha sido agredido anteriormente pelo vereador Dr. Jairinho.

De acordo com o portal G1, ao ser questionada sobre o relacionamento de Jairinho e Monique com Henry, ela disse que “esteve na presença dos três, no máximo, quatro vezes, sem que passasse de duas horas em cada ocasião, mas não percebeu nada de anormal”.

Os agentes reuniram elementos que indicam que ela sabia, sim, que a criança havia sido agredida pelo padrasto ao menos uma vez, em fevereiro.

Thayná, que foi contratada para trabalhar como babá em 18 de janeiro deste ano, também foi perguntada sobre marcas que a criança poderia ter, mas disse que “costumava dar banho em Henry e nunca viu qualquer marca de violência no corpo do menino”. A investigação também já sabe que a declaração não é verdadeira.

A babá revelou, ainda, que não foi trabalhar no dia 8 de março, esperando um posicionamento de Monique. Por volta das 8h30, a mãe de Henry telefonou e deu a notícia, chorando: “Você não precisa trabalhar hoje. Henry caiu da cama. Estou em choque, perdi meu bem mais precioso”, narrou ela, dizendo que Monique se esforçava para sempre agradar o filho e demonstrava carinho com o menino.

A última vez que esteve no Condomínio Majestic, no Cidade Jardim, na Barra da Tijuca, foi em 5 de março. Depois, não voltou a falar com Monique até que, no dia 18, um dia após a imprensa revelar o caso, a irmã de Jairinho, Thalita, telefonou para ela, pedindo que fosse até sua casa, em Bangu, pois o “advogado de Jairo queria lhe fazer algumas perguntas”.

Completou dizendo que “ao chegar à casa de Thalita, não chegou nem a sentar, pois o motorista chegou para levá-la juntamente com Rosângela (empregada do casal) até o escritório do advogado”, no Centro.

No escritório, ela foi apresentada ao advogado do casal, André França Barreto. Lá ele conversou primeiro com Rosângela, depois com Thayná. Às duas, fez perguntas sobre o relacionamento delas com Henry, como era o relacionamento do casal, como eram os três juntos e se o menino se queixava de algo.

O advogado explicou que ela seria intimada pela polícia e orientou que ela dissesse apenas a verdade e o que havia presenciado. A babá, após responder todas as perguntas, foi indagada se gostaria de dar uma entrevista para a imprensa. Disse que aceitaria se sua imagem não fosse exposta.

O advogado, então, levou-a para a sala ao lado, onde uma equipe de TV aguardava. Thayná contou à polícia “que respondeu aos repórteres as mesmas perguntas formuladas” pelo advogado.

O vereador e a mãe de Henry foram presos na manhã desta quinta-feira (8) na casa de parentes de Monique em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Segundo os investigadores, a prisão ocorreu porque Monique e Jairinho atrapalharam as investigações da morte da criança e ameaçaram testemunhas.

Embora o inquérito ainda não tenha sido concluído, a polícia acredita que Henry foi assassinado. Falta esclarecer como o crime foi cometido.