Parolin Território em Guerra: Morte na véspera de Natal inicia guerra no bairro

Ao todo serão exibidas quatro reportagens que irão contar como a disputa pelo poder no bairro se transformou em um conflito com diversas mortes

por Jorge de Sousa
com informações de Beatriz Frehner e Pedro Neto
Publicado em 24 set 2024, às 14h30. Atualizado às 14h00.
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Mesmo distante a menos de 20 minutos da Prefeitura de Curitiba, o Parolin é um dos bairros mais pobres da capital paranaense. Nos últimos anos, uma guerra entre facções que disputam a soberania do tráfico de drogas no local tem aterrorizado moradores e desafiado a segurança pública.

Parolin Território em Guerra: Morte na véspera de Natal inicia guerra no bairro
A relação entre as facções se tornou mais tensa desde 2019 (Foto: Reprodução RICtv/Polícia Civil do Paraná)

Com base em apurações realizadas e documentos obtidos com exclusividade, a RICtv lançou nesta terça-feira (24) a série ‘Parolin Território em Guerra’. Ao todo serão exibidas quatro reportagens que irão contar como a disputa pelo poder no bairro se transformou em um conflito com diversas mortes.

Dados da Secretaria de Segurança Público do Paraná, com base no Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, pontam que cerca de 11,5 mil pessoas moram no bairro. A renda média dessas pessoas fica na casa dos R$ 300.

Essa situação de vulnerabilidade social facilitou o crescimento da criminalidade no Parolin. Hoje, três facções disputam o controle do tráfico de drogas no bairro:

  • Morro do Sabão é a parte mais alta do Parolin e é comandado pela Turma de Cima. Essa facção é chefiada atualmente por Nenê, com os líderes sendo historicamente ligados à mesma família;
  • Turma do Meio ocupa a faixa mais central do Parolin e é formada por dissidentes das facções de Cima e Baixo. Esse grupo busca o tráfico de drogas nas vielas e becos dessa região;
  • Área CCD ou Cidade de Deus (em referência ao bairro do Rio de Janeiro) é comandada pela Turma de Baixo, facção ligada ao PCC, que faz dessa parte do Parolin uma das bases do grupo em Curitiba.

As facções contam com organização para fugir das autoridades. Olheiros desses grupos estão posicionados por todo o bairro, com o objetivo de evitar incursões das forças de segurança pública no local.

A comunicação dos olheiros com as lideranças das facções é feita rapidamente por meio de grupos no Whatsapp e também por ligações pela plataforma.

Mas a relação entre as facções se tornou mais tensa desde o dia 24 de dezembro de 2019, quando um assassinato no Parolin iniciou uma guerra no local.

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Jessica e o golpe no Morro do Sabão

Segundo o depoimento de um investigador da Polícia Civil do Paraná (PCPR), obtida com exclusividade pela RICtv, na véspera do Natal de 2019, Jessica, filha de Nenê, comemorava o feriado com conhecidos no Morro do Sabão.

Jessica teria iniciado disparos com uma arma de fogo na direção da região da Turma do Meio do Parolin. Houve então troca de tiros e a mulher foi baleada na cabeça.

Segundo laudos médicos obtidos pela RICtv, Jessica ficou com sequelas graves: déficits neurológicos que impedem a mulher de trabalhar, além dela precisar de cuidados constantes para fazer atividades básicas do dia a dia.

O atentado contra a filha impactou Nenê e era esperado que a chefe do Morro do Sabão executasse uma vingança contra os responsáveis pelos disparos contra a filha.

Marcos Vieira e a guerra chega a Turma do Meio

Marcos Vieira era um dos líderes da Turma do Meio. (Foto: Arquivo pessoal)

Em 3 de julho de 2020, o passo seguinte dessa guerra no Parolin ocorre quando Marcos Vieira, de 22 anos, é assassinado em uma viela do bairro. Vieira era um dos líderes da Turma do Meio.

Com os atentados em série, a PCPR abriu um inquérito para investigar os crimes cometidos no Parolin. A investigação ficou sob responsabilidade de Tito Barichello, atualmente deputado estadual, e que na época era o delegado da Delegacia de Homicídios.

A PCPR conseguiu uma testemunha que veio a balizar toda a investigação sobre o caso. Mesmo não tendo estado presente no local em que Marcos foi assassinado, por meio de informações colhidas junto a vizinhos e familiares, a delatora contou aos policiais que a Turma de Cima foi responsável pelo homicídio.

A testemunha apontou que os responsáveis pela morte de Marcos foram Badú, Oséias, Baé, Tchê e Índio. Os homens teriam chegado em um carro vermelho, se identificado como policiais e, após a vítima colocar as mãos na cabeça, realizaram diversos disparos.

Investigador da PCPR adiciona novos suspeitos

O investigador da PCPR citou durante a gravação do inquérito que, por meio do Disque Denúncias, outros seis suspeitos foram filtrados e apresentados a Barrichello como possíveis responsáveis pela morte de Marcos.

Mas esses seis suspeitos não estavam na lista apresentada pela testemunha à PCPR e também não eram ligados à Turma de Cima. Todos eram integrantes da Turma de Baixo e também comparsas de Marcos na Turma do Meio.

Ao final das investigações, a PCPR denunciou dez desses 12 suspeitos à Justiça:

  • Willian;
  • Brian;
  • Nenê;
  • Juninho PY;
  • Índio;
  • Oséias;
  • Badú;
  • Ygor;
  • Baé.

Parolin Território em Guerra

O segundo episódio da série Parolin Território em Guerra será exibido nesta quarta-feira (24) e mostrará como as denúncias da PCPR não resolveram os conflitos no bairro.

A guerra entre facções criminosas no centro desta investigação jornalística com reportagem de Beatriz Frehner e produção de Pedro Neto.

Ao contrário, as ramificações do atentado contra Jessica e o assasinato de Marcos continuaram e resultaram em novos homicídios no Parolin.

Confira também nesta quarta-feira uma nova matéria sobre a série no Portal RIC.

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